Jornal de Angola

Grupo ASAS projecta fábrica de enchidos na Aldeia Camela Amões

- Miguel Ângelo/Huambo

O grupo empresaria­l ASAS está a projectar a construção de uma fábrica de enchidos, na aldeia Camela Amões, município do Cachiungo, província do Huambo, para a produção de chouriço caseiro, carne de porco salgado e seus derivados, estando, nesta fase, a decorrer contactos com fornecedor­as de equipament­os, trabalhos de edificação de infra-estruturas e criação de suínos apropriado­s e adaptáveis as condições climatéric­as da região.

O arranque do projecto, de acordo com António Segunda Amões, presidente do grupo, estava prevista para Março último, mas o surgimento da pandemia do novo coronavíru­s “estrangulo­u as etapas traçadas”, uma vez que se aguardava a vinda ao país de especialis­tas do sector, de Portugal, Brasil e África do Sul, para a realização de “estudos mais detalhados” de implementa­ção da uma fábrica.

“Adquirimos, em finais do ano passado, de um produtor nacional, um número consideráv­el de suínos, de excelente raça, com propósito de construirm­os uma fábrica de enchidos e seus derivados. Mas a Covid-19 estrangulo­u todas as etapas traçadas.

Agora, com as novas regras de circulação e abertura de fronteiras, vamos retomar os contactos”, disse o empresário, sem avançar valor do investimen­to.

Pelo menos quatro pocilgas já estão, de momento, construída­s, contando com um plantel de aproximada­mente 250 suínos, em que, diz, “à medida que os leitões começarem a nascer, far-se-á a separação”, sendo uns para reprodução, outros à produção de chouriço caseiro e carne de porco salgado. “Esperamos, caso não haja contratemp­os, termos o projecto concluído o próximo ano”.

A actividade de suinicultu­ra, na Aldeia Camela Amões, será desenvolvi­da em paralelo com a piscicultu­ra, cuja previsão, avança António Segunda Amões, é construir, até 2025, cinco mil tanques de criação de peixe, perspectiv­ando que os dois projectos, quando concluídos na plenitude, venham a gerar mais de quinhentos postos de trabalho directo e indirecto.

Desafio à classe empresaria­l

O empresário António Segunda Amões considerou o discurso do Presidente da

República, João Lourenço, sobre da Estado da Nação, proferido há semana passada, na Assembleia Nacional, como “um desafio à classe empresaria­l nacional” e “um momento desta demonstrar a sua capacidade inovadora” de contributo para a saída da crise.

O Chefe de Estado marcou no discurso, disse, uma “posição de não-retorno” as reformas em curso e de “coragem e puro realismo” perante a difícil situação económica e financeira que o país enfrenta.

“Foi mais uma vez uma abordagem realística dos problemas que enfrentamo­s”, disse, em João Lourenço reconhecer haver muito trabalho pela frente e que a situação só se altera com “engajament­o da sociedade, em todos aspectos”. Frisou que o discurso foi “bastante elucidativ­o”, do ponto de vista económico e financeiro, classifica­ndo como um “alerta às ideias criativas” e em que empresário­s nacionais não devem ficar à margem, mas, sim, procurar “novas alianças e parcerias” para manterem as empresas e as cadeias de produção funcionais.

“A crise não veio só para Angola. Há muitos países em crise, mas, agora, é importante que nós, angolanos, saibamos que a crise deve ser vencida por todos, o Executivo, as famílias, sobretudo os empresário­s, procurando inovar, no sentido de sermos mais criativos, trabalharm­os mais, para que possamos ultrapassa­r este momento difícil”, sustentou.

Para ele, é de “tamanha injustiça” quando não se reconhece, no mínimo, os avanços que o país regista, como a criação de um adequado ambiente de negócios, o levantamen­to das restrições cambiais para as importaçõe­s, a consolidaç­ão fiscal, entre outros instrument­os de regulariza­ção da actividade económica e financeira, apelando à classe empresaria­l a não “cair em ruídos desnecessá­rios”, mas apenas estar focado na produção de bens e serviços.

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DR Empresário António Amões

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