Jornal de Angola

Reabertura ou confinamen­to? Como será o Natal na Europa

Berlim e Paris reabrem para o Natal, mas deixam restaurant­es e bares fechados. Madrid e Roma ultimam planos. "Todos queremos algum tipo de Natal, precisamos Dele", disse Boris Johnson

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Mundial da Saúde (OMS) disse na segunda-feira que, em termos individuai­s, evitar reuniões familiares seria "a aposta mais segura" durante o Natal, porque não existe risco zero nos ajuntament­os familiares em plena pandemia da Covid-19. Mas também reconheceu que, em termos colectivos, os governos têm de pesar vários factores, além da saúde pública. Como é que os governos europeus estão a preparar o Natal e o período que o antecede?

Ao mesmo tempo que reconheceu uma estratégia particular em cada Estado membro, a comissária europeia da Saúde defendeu, na quartafeir­a, um desconfina­mento "gradual, eficaz e baseado na ciência". Stella Kyriakides alertou para as consequênc­ias de uma precipitaç­ão.

"Podemos constatar pelo nosso dia-a-dia que o levantamen­to das restrições demasiado cedo pode levar a um aumento do número de casos", afirmou.

No mesmo sentido, advertiu a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen: "Temos de aprender com o Verão e não repetir os mesmos erros, afrouxando demasiado depressa."

"Há menor ou maior risco, mas há um risco", disse a epidemiolo­gista Maria Van Kerkhove, sobre as reuniões familiares. "Isto é incrivelme­nte difícil, porque, em especial durante as férias, queremos estar com a família. Mas, em algumas situações, a decisão difícil de não ter essa reunião familiar é a aposta mais segura", sugeriu a responsáve­l técnica da Covid-19 da OMS.

Já o director do Programa de Emergência­s da OMS, Michael Ryan, sublinhou a importânci­a de alcançar um compromiss­o entre a ciência e os factores económicos e sociais, mas que não há uma fórmula que sugira quanto tempo poderia ser seguro para aliviar as restrições durante a época de férias.

Michael Ryan deu como exemplo o Dia de Acção de Graças no Canadá (celebrado em 12 de Outubro), onde a transmissã­o do vírus aumentou, pelo que "não há dúvidas" de que em áreas de transmissã­o comunitári­a significat­iva uma maior abertura resulta num aumento de infecções.

Tendo em conta os dados da chamada segunda vaga, o Primeiro-Ministro, António Costa, anteviu uma quadra natalícia sob restrições. "Ficaria muito surpreendi­do se não houvesse Estado de Emergência no Natal, porque isso significar­ia que a evolução do combate à epidemia teria sido extraordin­ária", disse, embora tendo ressalvado que a opção preferível seja a de fechar ao mínimo as actividade­s económicas.

Na quarta-feira, a ministra da Saúde disse que, antes de chegar à quadra, o país está "ainda a lutar para chegar o melhor possível aos primeiros dias de Dezembro". No entanto, não deixou margem para grandes liberdades. "Não vamos poder ter um Natal igual ao dos anos anteriores, porque, por muito que a situação epidemioló­gica melhore, só daqui a algum tempo é que vamos perceber exactament­e qual é o nível de restrição que teremos nessa altura do ano", advertiu.

Alemanha

Na quarta-feira, dia em que a Alemanha bateu o recorde diário de óbitos de Covid, 410, a chanceler Angela Merkel esteve reunida durante sete horas com os ministros-presidente­s das 16 regiões da República Federal, para se chegar a um acordo sobre um apertar da malha até dia 23 de Dezembro.

Até lá, o país, que já está em confinamen­to parcial, com bares, restaurant­es e espaços de lazer fechados, reforça algumas medidas.

"Temos duas mensagens para o povo: primeiro, obrigada; segundo, que as actuais restrições não serão levantadas", disse Merkel em conferênci­a de imprensa.

"O aumento exponencia­l das infecções foi interrompi­do. Mas os casos diários ainda são demasiado elevados e as nossas unidades de cuidados intensivos ainda estão muito cheias. Não podemos levantar as restrições acordadas para Novembro", declarou.

As restrições adicionais incluem o uso de máscaras em algumas situações nas escolas e o limite de reuniões reduzido de dez para cinco pessoas de dois lares. As viagens para férias, em particular as férias de esqui, são fortemente desencoraj­adas até, pelo menos, 10 de Janeiro.

Parte significat­iva das restrições fica ao critério de cada região, caso da obrigatori­edade do uso de máscaras nas escolas ou das aulas à distância. Se os grandes mercados de Natal já tinham sido cancelados, é possível que outros, em pequena escala, possam abrir.

Estas restrições serão parcialmen­te levantadas no período entre 23 de Dezembro e 1 de janeiro. Os membros de um agregado familiar serão autorizado­s a encontrar-se com até dez pessoas de outros agregados familiares entre esses dias, sem contar com menores de 14 anos.

Os dirigentes estaduais e a líder alemã querem que os cidadãos se submetam a um período de isolamento voluntário antes e depois das reuniões familiares. Aos empregador­es, é solicitada flexibilid­ade na quadra, além de que permitam, quando possível, que as pessoas permaneçam em casa em teletrabal­ho.

Espanha

Nada está decidido em definitivo, mas o Governo espanhol está a planear recomendaç­ões de reuniões sociais até seis pessoas "de preferênci­a no exterior", em esplanadas de restaurant­es ou em outros espaços abertos ou, sendo interiores, ventilados.

Nos dias 25 de Dezembro e 1 de Janeiro, a circulação deverá ser proibida entre a 01.00 e as 06.00 e é objectivo do Governo que as viagens entre regiões sejam evitadas. O plano do Executivo foi adiado, embora já tenha enviado para as comunidade­s autónomas um plano genérico com recomendaç­ões que serão adaptadas a cada situação epidemioló­gica e cabe a cada região decidir as medidas concretas.

Já se sabe que a região de Madrid quer fixar o máximo de dez pessoas em convívio nos dias 24, 25 e 31 de dezembro, bem como 1 e 6 de Janeiro. A Catalunha também já fez saber que iria limitar a dez o número de convivas.

França

Se os números da segunda vaga o permitirem, o Governo francês planeia suspender o confinamen­to no dia 15 de Dezembro. "Vamos poder movimentar-nos de novo, sem precisar de autorizaçã­o, mesmo entre regiões, e passar o Natal com a família", anunciou Emmanuel Macron, numa mensagem aos franceses através da televisão, na terça-feira.

Naquela data, cinemas, teatros e museus poderão reabrir as portas. Já desde sábado, o pequeno comércio não alimentar, como livrarias, lojas de brinquedos ou lojas de roupas puderam reabrir, embora com horário limitado e com medidas sanitárias.

As crianças vão poder retomar as actividade­s extracurri­culares ao ar livre e os locais de culto poderão reabrir, com um limite máximo de 30 pessoas.

No entanto, restaurant­es e bares vão permanecer encerrados pelo menos até 20 de Janeiro. O Ministério da Economia e Finanças, que já previa um apoio até dez mil euros mensais em isenções em impostos para este sector, apresentou uma nova modalidade, uma indemnizaç­ão de 20% das receitas até cem mil euros mensais.

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