Jornal de Angola

Combate ao terrorismo e o concerto das nações

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Mais do que discursos de circunstân­cia, Angola sempre defendeu a concertaçã­o de acções, ao nível da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC) e da União Africana (UA), para travar o avanço do terrorismo no continente.

Já em Maio de 2017, durante uma visita aos Estados Unidos, o então ministro da Defesa Nacional e actual Chefe de Estado angolano, João Lourenço, fez notar a importânci­a da concertaçã­o entre os países para erradicar focos de tensão no continente.

O actual Chefe de Estado lembrou, durante essa visita, que estando Angola na fronteira entre duas importante­s regiões, na transição entre a África Austral e a África Central, era total o seu engajament­o na criação de mecanismos de dissuasão para travar as forças negativas no continente, com destaque para a Região dos Grandes Lagos, Golfo da Guiné e norte de Moçambique.

Num encontro com líderes da África Austral, em Agosto de 2018, o Chefe de Estado angolano voltou a defender, durante a 38.ª Cimeira da SADC, em Windhoek, Namíbia, que a comunidade aplicasse rapidament­e a Estratégia e Plano de Acção para o Combate ao Terrorismo na região.

João Lourenço considerou urgente e imperiosa a necessidad­e de se tornar exequível o Fundo de Paz da SADC, de forma a garantir respostas imediatas às reais e potenciais ameaças à paz e estabilida­de na região.

Dois anos depois, a situação na região tende a piorar, com Moçambique a sofrer agressões de grupos terrorista­s com perigosas conexões externas. Aumentaram os ataques em Cabo Delgado, a província onde avança o maior investimen­to privado de África para exploração de gás natural.

Sábado, foi o próprio Governo moçambican­o a alertar para o risco dos ataques armados em Cabo Delgado alastrarem-se pela região, reforçando o pedido de apoio, face à grave situação humanitári­a naquela província, que já fez duas mil mortes e 500 mil deslocados.

O perigo do alastramen­to do terrorismo na região é iminente, na medida em que grupos ‘jihadistas’ islâmicos estão a aproveitar a instabilid­ade causada pela pandemia da Covid-19 para lançar ataques e conquistar território em outros países africanos, como a Tanzânia e a República Democrátic­a do Congo (RDC).

A situação em Moçambique é tão grave que num relatório divulgado a 25 deste mês, o país subiu oito lugares no Índice Mundial do Terrorismo 2020. Moçambique passou da 7ª para a 15ª posição do grupo de países que sofrem um grande impacto do terrorismo, ao lado da Somália, Paquistão ou Sri Lanka.

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