África tem 67 por cento dos 38 milhões de infectados
No mundo, contabilizamse 38 milhões de pessoas que vivem com o VIH, 67 por cento dos quais na Região Africana da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Estes dados constam na mensagem da directora Regional da OMS para a África, Matshidiso Moeti, em alusão ao Dia Mundial de Luta contra a Sida, que hoje se assinala.
“Anualmente, no dia 1 de Dezembro, a comunidade mundial junta-se para comemorar o Dia Mundial de Luta contra a Sida, manifestando assim o seu apoio às pessoas que vivem com o VIH e recordando todos aqueles cujas vidas a doença ceifou”, lê-se na mensagem.
Matshidiso Moeti deu a conhecer que, em 2019, foram infectadas mais de 1 milhão de pessoas pelo VIH e que as novas infecções representam 60 por cento do total mundial. Lamentavelmente, refere, 440 mil pessoas faleceram na Região, devido a causas associadas ao vírus da imunodeficiência humana.
O tema escolhido para o Dia Mundial de Luta Contra a SIDA deste ano apela à “solidariedade mundial e responsabilidade partilhada”, tanto mais que no contexto da pandemia de Covid-19 tem sobressaído a importância do mundo estar unido, com uma liderança determinada por parte dos governos e das comunidades, para sustentar e ampliar o acesso a serviços essenciais, incluindo prevenção e despistagem do VIH e respectivo tratamento e cuidados.
Esta pandemia tem desafiado ainda mais os países para que proporcionem estes serviços, em particular nas zonas afectadas por conflitos, catástrofes, surtos ou onde se verifica um crescimento rápido da população.
Acresce o facto de, na Região Africana, as novas infecções devidas ao VIH e os óbitos associados à Sida não estarem a baixar suficientemente depressa para cumprir a meta dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, visando pôr cobro à epidemia de Sida até 2030.
Matshidiso Moeti acrescenta que as crianças que vivem com o VIH não têm sido adequadamente identificadas para efeitos de tratamento e que as raparigas e mulheres com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos representam 37 por cento de todas as novas infecções de VIH, com o estigma e a discriminação, nomeadamente contra populações essenciais neste combate, a continuarem a constituir barreiras no que diz respeito ao acesso a serviços de saúde.
Segundo a directora regional da OMS para a África, o ano de 2020 é um marco rumo ao fim da epidemia de Sida, estando 81 por cento das pessoas que vivem com o VIH cientes da sua situação. De entre elas, 70 por cento dos adultos e 53 por cento das crianças estão a receber terapêutica anti-retroviral (TAR) vitalícia.
Oitenta e cinco por cento das mulheres grávidas e a amamentar, que vivem com o VIH tomam uma terapêutica anti-retroviral, protegendo não só a saúde delas como ainda evitando a transmissão aos seus recém-nascidos.
“Neste Dia Mundial de Luta contra a SIDA, congratulo os governos, os parceiros e as comunidades que contribuíram para os progressos em matéria de combate ao VIH na Região e que encontraram formas inovadoras para manter em funcionamento os serviços durante a pandemia de Covid-19”, refere-se na mensagem.
Matshidiso Moeti dá como exemplo os jovens que vivem com o VIH na Zâmbia, que têm vindo a advogar a eliminação do estigma, a adesão ao tratamento contra o VIH, o acesso aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, bem como o apoio da saúde mental. Outrossim, estão a contribuir para a resposta nacional à Covid-19, através da criação e divulgação de mensagens sobre saúde, desmontando mitos e aumentando a tomada de consciência.
Na Côte d’Ivoire, na Nigéria e no Senegal, mulheres que vivem com o VIH estão a fazer as vezes de farmacêuticos comunitários, indo visitar zonas semi-urbanas e rurais difíceis de alcançar, para facilitar a entrega domiciliária de tratamentos contra o VIH, mas também de medicamentos para outras doenças. “Estão a ajudar a fazer com que ninguém fique para trás durante a crise da Covid-19”.
Para suster e acelerar os ganhos obtidos, a directora regional da OMS para a África exorta governos e parceiros a juntarem-se com o mesmo grau de urgência e liderança que souberam demonstrar na resposta à Covid-19, para aumentarem o seu financiamento interno e reforçarem os sistemas de saúde.
“Tem de haver solidariedade mundial e reponsabilidade partilhada entre todas as partes interessadas, de modo a garantir cuidados integrados, de qualidade e centrados nas pessoas, bem como um aprovisionamento ininterrupto de produtos essenciais para os serviços de VIH”, defende Matshidiso Moeti.
Acrescentou que os direitos das mulheres e raparigas, tal como a igualdade de género, têm de estar no centro, para pôr fim a novas infecções de VIH entre raparigas e jovens mulheres.
Por fim, instou as comunidades, em particular as pessoas que vivem com o VIH, a serem proactivas nos seus próprios cuidados e a perceberem como evitar a propagação de infecções.