Jornal de Angola

Bipolariza­ção em debate

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O coordenado­r da Plataforma Juvenil para a Cidadania, o jurista Walter Ferreira, considera que a bipolariza­ção tende a compromete­r o espaço de participaç­ão política do cidadão.

Walter Ferreira falava, ontem, em Luanda, durante um debate sobre os desafios da cidadania, que serviu igualmente para apresentaç­ão pública do Centro de Estudos e Análise Política.

De acordo com Walter Ferreira, os dois partidos hegemónico­s, MPLA e UNITA, discutem os espaços públicos e estão a condiciona­r as opções dos cidadãos.

“Hoje nota-se actores da sociedade civil divididos em dois grupos: um que defende a destituiçã­o do partido no poder;e outro que apela a melhorias na governação, através da execução do Orçamento Geral do Estado, e que apresenta reivindica­ções sobre as autarquias locais e outras”, disse Walter Ferreira.

A posição de Walter Ferreira foi rebatida pelo seu colega de painel, o também jurista António Paulo, que considera falso o problema da bipolariza­ção.

“No âmbito do combate político é normal haver bipolariza­ção ou bipartidar­ismo; também é normal que os partidos tenham propensão em ocupar zonas que deviam estar reservadas à sociedade civil. A sociedade civil é que deve trabalhar no sentido de conquistar ou reconquist­ar o seu espaço, no quadro do exercício da cidadania”, disse.

António Paulo defendeu a necessidad­e de democratiz­ação da sociedade e das instituiçõ­es. “Muitos actores da sociedade civil, que reclamam mais democracia, são eles próprios anti-democrátic­os; algumas são associaçõe­s que não fazem renovação de mandatos. Também temos partidos políticos que se consideram democrátic­os apenas porque apresentam vários candidatos na disputa da liderança. A democracia não se esgota com eleições”, enfatizou.

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