Relatório do CICV e apelo de Washington
a partir de Mekele, o CICV revelou que o maior hospital na região no Norte da Etiópia, o Ayder Referral Hospital, tem falta de sacos para corpos e que cerca de 80 por cento dos pacientes têm ferimentos.
Os receios de um desastre humanitário generalizado crescem à medida que se somam os dias sem que as Nações Unidas e as organizações de ajuda humanitária sejam autorizadas a aceder à região de Tigray.
Grupos de direitos humanos e outros têm manifestado preocupações com as atrocidades que possam vir a ser conhecidas uma vez restabelecidas as comunicações e as ligações de transporte de e para a região.
Cerca de um milhão de pessoas foram deslocadas pela guerra, incluindo cerca de 44 mil, que fugiram para o Sudão. Vários acampamentos de deslocados na região de Tigray, onde vivem 96 mil refugiados eritreus, têm estado na linha de fogo.
“Precisamos, antes de mais, de acesso a Tigray”, disse, no domingo, o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Filippo Grandi, acrescentando que os seus colegas da ONU em Addis Abeba estão em discussões com o Governo etíope para obterem essa autorização. O Governo de
Abiy Ahmed prometeu criar um “corredor humanitário”, a ser gerido pelas forças federais, mas a ONU sublinhou que deve ser neutro.
Na segunda-feira, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, pediu ao Primeiro-Ministro etíope, Abiy Ahmed, um “cessar-fogo total” e permissão para “acesso humanitário sem obstáculos” à região de Tigray.
“É essencial resolver o conflito em curso e manter a Etiópia no caminho da democracia”, disse Pompeo na sua conta da rede social Twitter, após ter falado, por telefone, com o Chefe do Governo etíope.
De acordo com o comunicado do Departamento de Estado norte-americano, Mike Pompeo “tomou nota do anúncio do fim das grandes operações militares, feito a 28 de Novembro pelo Governo etíope”, mas reiterou “a grave preocupação dos Estados Unidos sobre as hostilidades em curso e os riscos apresentados pelo conflito”.
O chefe da diplomacia dos EUA apelou ao fim total dos combates e a “um diálogo construtivo para resolver a crise”, dizendo ser urgente “proteger os civis, em particular os refugiados”, e “garantir o respeito pelos direitos humanos dos habitantes de Tigray e de todos os grupos étnicos”.