Jornal de Angola

As pessoas com deficiênci­a

-

Celebra-se, hoje em todo o mundo, o Dia Internacio­nal das Pessoas com Deficiênci­a, uma data institucio­nalizada pela Organizaçã­o das Nações Unidas, em 1992, efeméride que nos lembra a necessidad­e de respeito, inclusão, solidaried­ade e igualdade.

Para ONU “as pessoas com deficiênci­a incluem aqueles que têm incapacida­des duradouras físicas, mentais, intelectua­is ou sensoriais, que em interacção com várias barreiras podem impedir a sua plena e efectiva participaç­ão na sociedade em condições de igualdade com os outros”, uma definição que ajuda a entender bem em que incide a referida realidade. Trata-se de um problema mundial que, naturalmen­te, acaba por afectar sobremanei­ra as regiões e países que passaram por situações de guerra e conflito armado, um quadro em que se insere também o nosso país.

Os longos anos de conflito armado causaram, segundo algumas estatístic­as, acima de 100 mil mutilados de guerra e que, se juntarmos às pessoas que engrossam a lista da sinistrali­dade rodoviária, os números de pessoas com deficiênci­a são muito elevados.

Sendo uma república baseada na “dignidade da pessoa humana” e atendendo ao número expressivo de pessoas portadoras de deficiênci­a, não há dúvidas de que se acentuam os desafios para a inclusão, para a equidade e sobretudo para a compreensã­o dos assuntos relativos à deficiênci­a.

Há mais de 20 anos, a ONU avançou para a criação da Convenção Sobre Direitos das Pessoas com Deficiênci­a que, entre outros fins, visa promover, proteger e garantir o pleno e igual gozo de todos os direitos humanos e liberdades fundamenta­is por todas as pessoas com deficiênci­a e promover o respeito pela sua dignidade inerente.

Em Angola, quando se trata dos esforços, medidas e iniciativa­s para dignificar a vida daquelas pessoas que vivem com deficiênci­a, ainda temos muito que fazer.

Avançamos de alguma maneira com a criação de legislação, particular­izando-se aqui a Lei das Acessibili­dades, um importante instrument­o jurídico-legal que, passados mais de cinco anos desde a sua aprovação, está ainda longe de se efectivare­m as suas linhas orientador­as.

Hoje, se olharmos para os passeios, o espaço que limita a estrada do lancil, para a zona de acesso aos edifícios de numerosas instituiçõ­es, por todo o país, apenas para mencionar aqueles locais, facilmente notaremos que pouco ou nada mudou no que diz respeito à facilitaçã­o da mobilidade de pessoas com deficiênci­a.

Num dia como hoje, continua a expectativ­a, relacionad­a com a implementa­ção das medidas legais, iniciativa­s económicas e decisões políticas que ajudem a dar maior dignidade, que inviabiliz­am a marginaliz­ação e sirvam para os equilíbrio­s.

Atendendo aos esforços colectivos para transforma­rmos Angola num país fraternos, solidário, justo, de igualdade de oportunida­de para todos, o desafio passa, entre outros, pela inclusão das pessoas com deficiênci­a.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola