Mangais do Zaire estão ameaçados
Muitas famílias nos municípios do Nzeto e Soyo perderam a principal fonte de sustento, a pesca, devido à obra na região
A obra inacabada de um trecho de 700 metros levada a cabo na ponte da Estrada Nacional 100, que liga os municípios do Nzeto e Soyo, na província do Zaire, e Bengo, na foz do rio M´brige, constitui a principal causa da degradação dos mangais naquela zona costeira do país.
Em entrevista ao Jornal de Angola, a coordenadora do projecto ambiental denominado “Otchiva”, disse que a obra de construção civil alterou todo ciclo geológico que permitia a troca ou cruzamento das águas doces e salgadas naquela área.
De acordo com a ambientalista Fernanda Renée, a degradação dos mangais tem causado vários impactos negativos como o surgimento de calemas, inundações, erosões costeiras e a morte de peixes, crustáceos, moluscos, aves e deixou as comunidades pesqueiras locais vulneráveis da sua única fonte de subsistência.
Fernanda Renée, que procedeu, ontem, em Luanda, a apresentação de um relatório à propósito do impacto ambiental naquela região, disse que a degradação desses ecossistemas constitui um problema grave e apontou como solução uma rápida intervenção política para o retomar das obras daquela ponte.
De acordo com a especialista, chegou-se a essa conclusão após a realização de uma expedição, de cinco dias, envolvendo ambientalistas ligados ao Projecto Otchiva, que realizaram uma operação para avaliar o impacto da extinção dos mangais no N'zeto e Soyo, na foz do rio M´bridge.
O projecto foi desenvolvido por um grupo de especialistas angolanos entre geólogos, cartógrafos, engenheiros civis, florestais, químicos e ambientalistas que trabalharam afincadamente na busca de respostas para o problema ambiental naquela região do litoral Norte de Angola.
Os trabalhos dos especialistas visou fazer a constatação e avaliação ambiental na região onde ocorre os mangais na Foz do rio M’bridge, a equipa técnica foi unânime nas suas avaliações e abordagens.
Apoio internacional
A expedição contou com apoio da Embaixada do Reino da Bélgica em Angola, com financiamento de cerca de sete milhões de Kwanzas.
O embaixador da Bélgica em Angola, Jozef Smets, louvou a iniciativa do grupo de especialistas angolanos, “pois a promoção desse tipo de acções ajudam na promoção e protecção da biodiversidade”.
Para o diplomata belga, a protecção da biodiversidade é uma questão universal. “Todos países têm os mesmos desafios em termos ambientais e não só. Assim como estão engajados no combate à Covid-19, também temos o mesmo compromisso em manter a biodiversidade salva”, declarou a diplomata belga.