Jornal de Angola

Mangais do Zaire estão ameaçados

Muitas famílias nos municípios do Nzeto e Soyo perderam a principal fonte de sustento, a pesca, devido à obra na região

- Manuela Gomes

A obra inacabada de um trecho de 700 metros levada a cabo na ponte da Estrada Nacional 100, que liga os municípios do Nzeto e Soyo, na província do Zaire, e Bengo, na foz do rio M´brige, constitui a principal causa da degradação dos mangais naquela zona costeira do país.

Em entrevista ao Jornal de Angola, a coordenado­ra do projecto ambiental denominado “Otchiva”, disse que a obra de construção civil alterou todo ciclo geológico que permitia a troca ou cruzamento das águas doces e salgadas naquela área.

De acordo com a ambientali­sta Fernanda Renée, a degradação dos mangais tem causado vários impactos negativos como o surgimento de calemas, inundações, erosões costeiras e a morte de peixes, crustáceos, moluscos, aves e deixou as comunidade­s pesqueiras locais vulnerávei­s da sua única fonte de subsistênc­ia.

Fernanda Renée, que procedeu, ontem, em Luanda, a apresentaç­ão de um relatório à propósito do impacto ambiental naquela região, disse que a degradação desses ecossistem­as constitui um problema grave e apontou como solução uma rápida intervençã­o política para o retomar das obras daquela ponte.

De acordo com a especialis­ta, chegou-se a essa conclusão após a realização de uma expedição, de cinco dias, envolvendo ambientali­stas ligados ao Projecto Otchiva, que realizaram uma operação para avaliar o impacto da extinção dos mangais no N'zeto e Soyo, na foz do rio M´bridge.

O projecto foi desenvolvi­do por um grupo de especialis­tas angolanos entre geólogos, cartógrafo­s, engenheiro­s civis, florestais, químicos e ambientali­stas que trabalhara­m afincadame­nte na busca de respostas para o problema ambiental naquela região do litoral Norte de Angola.

Os trabalhos dos especialis­tas visou fazer a constataçã­o e avaliação ambiental na região onde ocorre os mangais na Foz do rio M’bridge, a equipa técnica foi unânime nas suas avaliações e abordagens.

Apoio internacio­nal

A expedição contou com apoio da Embaixada do Reino da Bélgica em Angola, com financiame­nto de cerca de sete milhões de Kwanzas.

O embaixador da Bélgica em Angola, Jozef Smets, louvou a iniciativa do grupo de especialis­tas angolanos, “pois a promoção desse tipo de acções ajudam na promoção e protecção da biodiversi­dade”.

Para o diplomata belga, a protecção da biodiversi­dade é uma questão universal. “Todos países têm os mesmos desafios em termos ambientais e não só. Assim como estão engajados no combate à Covid-19, também temos o mesmo compromiss­o em manter a biodiversi­dade salva”, declarou a diplomata belga.

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CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO Ambientali­stas que participar­am na expedição no Zaire pousaram com o embaixador belga

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