Jornal de Angola

ONU pede a empresas e governos guias sobre direitos humanos

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A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, afirmou que a ONU está a pedir às empresas e aos governos internacio­nais que desenvolva­m e divulguem guias sobre os direitos humanos nas tecnologia­s digitais.

Michele Bachelet, que participou, ontem, na Web Summit para falar sobre “Direitos Humanos na era digital”, lembrou que “é preciso evitar que os direitos humanos sejam violados pelo uso de novas tecnologia­s”.

Apesar de considerar que “não é necessário actualizar a carta dos direitos humanos”, porque o documento já inclui a possibilid­ade de surgirem novos problemas, a alta comissária admitiu que as novas tecnologia­s “apresentam novos desafios na aplicação do sistema existente”.

“Nós temos os mesmos direitos online e offline”, sublinhou, adiantando que a ONU está a pedir às empresas e aos governos para que divulguem guias de aplicação dos direitos humanos às tecnologia­s digitais.

“Por exemplo, o Conselho de Direitos Humanos está a divulgar relatórios e recomendaç­ões sobre liberdade de expressão nas redes sociais”, assim como o impacto da desinforma­ção, racismo, igualdade de género ou direito à privacidad­e.

“Estamos a falar directamen­te com as empresas de tecnologia para assegurar que cumpram as suas responsabi­lidades no que diz respeito aos direitos humanos”, adiantou a responsáve­l das Nações Unidas.

Michele Bachelet admitiu ainda que o direito à privacidad­e pode estar ameaçado numa altura em que Estados e empresas estão a usar as novas tecnologia­s para recolher dados que permitam combater a disseminaç­ão da Covid-19, defendendo que é crucial “haver transparên­cia”.

“Tem de haver sempre um conceito muito restrito do que é uma situação de emergência que precise de recolha de dados”, porque “muitos países já usaram esse tipo de conceito como desculpa para diminuir a liberdade de expressão e outros direitos”, alertou.

A Web Summit, considerad­a uma das maiores cimeiras tecnológic­as do mundo, realiza-se este ano totalmente 'online', com “um público estimado de 100 mil pessoas”, segundo o cofundador do evento, o irlandês Paddy Cosgrave, que aponta como próximo grande desafio trazer “100.000 pessoas a Lisboa”.

A cimeira tecnológic­a termina hoje. Após duas edições realizadas em Lisboa (2016 e 2017), a Web Summit e o Governo português anunciaram, em Outubro de 2018, uma parceria para manter a conferênci­a em Lisboa até 2028.

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