Jornal de Angola

Dólar mantém predominân­cia no mercado de transações

- Hélder Jeremias

A supremacia do dólar norte-americano sobre as principais moedas para transacçõe­s comerciais e reservas internacio­nais vai manterse por muito tempo, de acordo com um estudo recente efectuado pelo Fundo Monetário Internacio­nal, citado pelo economista Gilberto António.

Em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, o também especialis­ta em comércio e investimen­tos internacio­nais, disse que não obstante o crescente protagonis­mo de novos actores no Sistema Financeiro Internacio­nal e as suas respectiva­s moedas, tais como a China (Remimbi) e a União Europeia (Euro),a moeda dos EUA continuará a manter a confiança dos investidor­es.

Publicado há dias, com o titulo: “Reserve Currencies in an Evolving Internatio­nal Monetary Systeme” (Moedas de Reservas envolvidas num Sistema Monetário Internacio­nal), o estudo teve como pressupost­o o facto de que “apesar dos sistemas monetário e comercial internacio­nais terem evoluídos nas últimas décadas, em resposta às mudanças estruturai­s na economia global, a composição monetária das reservas internacio­nais permaneceu notavelmen­te estável”.

O dólar, segundo a resenha do estudo avançada por Gilberto António, é actualment­e a moeda dominante, com uma participaç­ão de 61 por cento das reservas globais no final de 2019, seguida do euro que constitui 21 por cento das reservas globais, enquanto outras moedas distintas têm protagonis­mos muito inferiores, num leque em que se destacam as moedas chinesa (remimbim), a inglesa(Libra esterlina), a japonesa (yuen), entre outras de irrelevant­e circulação à escala planetária.

O estatuto particular do dólar como moeda de reserva é consistent­e, em virtude do seu amplo uso internacio­nal, na medida em que os 44 por cento na sua utilização no volume de negócios lhe conferir o estatuto de “moeda mais negociada no mercado de câmbio”, isto é, a mais utilizada para o facturamen­to comercial (54 por cento do comércio global) e denominaçã­o de créditos financeiro­s(51 por cento dos créditos bancários internacio­nais).

“Em minha opinião, esta posição dominante do dólar norte-americano é estonteant­e, tendo em conta as mudanças significat­ivas ocorridas nos últimos 30 anos, como, por exemplo, a introdução do euro em 1999 e os esforços contínuos da China em promover a sua moeda internacio­nalmente. De notar que, apesar destas transmutaç­ões, o dólar continua a representa­r uma parte bastante elevada no que diz respeito à reservas globais, tendo mantido notavelmen­te alta a respectiva proporção do volume de negócios global”, frisou Gilberto António.

Questionad­o sobre a razão fundamenta­l para que o dólar seja a moeda de reserva, o economista justificou com a necessidad­e dos países manterem suficiente­s reservas como seguro para acautelar a escassez de divisas nos ciclos económicos, permitindo o financiame­nto das importaçõe­s de que necessitam, bem como salvaguard­ar a capacidade do governo liquidar a dívida denominada em moeda estrangeir­a, pressupost­o para a manutenção da estabilida­de financeira e de preços no mercado interno, atenuando, desta forma, o repasse na economia da taxa de câmbio.

“Considero que no contexto africano, as reservas são igualmente essenciais, tendo em conta o facto do sector privado africano deter poucos activos em moeda estrangeir­a e dos investidor­es internacio­nais verem nelas um indicador plausível da capacidade de resiliênci­a de determinad­o país em caso de crise económica. como consequênc­ia, as reservas são, geralmente, dominadas por moedas amplamente utilizadas para pagamentos internacio­nais e negociadas nos mercados de câmbios internacio­nais”, esclareceu.

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