Morreu o empresário que recriou a forma de viver nas aldeias
O empresário António Segunda Amões morreu, ontem,na Mediclinic Morningside, em Sandton, arredores de Joanesburgo, África do Sul, vítima de doença, aos 51 anos.
O presidente do Conselho de Administração do grupo empresarial ASAS estava internado, desde 21 de Novembro, em Joanesburgo, para onde foi evacuado, de urgência, através de um avião ambulância, a partir do Huambo.
Segunda Amões, que liderou um grupo empresarial de mais de 30 empresas, sentiu-se mal, no dia 19 de Novembro, na aldeia Camela, e foi encaminhado a uma clínica privada e, depois, ao Hospital Geral do Huambo, onde ficou internado.
O empresário chegou à maior unidade hospitalar da província, de acordo com o corpo médico que o assistiu, com um “quadro clínico crítico” em virtude de índices elevados de hipertensão, diabetes e hipotermia.
A família decidiu, em coordenação com a equipa médica, em função do quadro clínico apresentado, evacuá-lo para a África do Sul para um tratamento especializado, pois, segundo Prata Camela Amões, um dos irmãos, nunca se queixou de diabetes, apesar de haver um histórico hereditário da doença na família.
O corpo do empresário, segundo confirmou, ao Jornal de Angola, um dos parentes, a partir da África do Sul, será transladado para Luanda, na quinta-feira, e sepultado no cemitério da Sant'Ana.
O empresário, nascido a 20 de Fevereiro de 1969, no Huambo, estava, nos últimos cinco anos, a desenvolver na aldeia natal, Camela, um dos maiores projectos de reforma
Empresário tinha sido evacuado à África do Sul, onde morreu
e requalificação, com a construção de infra-estruturas sociais para o bem-estar da população local.
Desde Março, altura que foi decretado o Estado de Emergência, o empresário fixou residência na aldeia, passando a gerir as empresas a partir daquela localidade, no município do Cachiungo, a 86 quilómetros da cidade do Huambo, onde, como disse um dia, “não há confusão como em Luanda”.
Segunda Amões, que deixa viúva e oito filhos, defendia a ideia de “transformar Camela Amões em cidade com uma qualidade de vida semelhante às aldeias da Europa”. Citou o exemplo da Noruega, que elevou o índice de desenvolvimento humano do meio rural, evitando, assim, o êxodo populacional.
“Perdemos um líder”
O jornalista Sousa Jamba, que há quatro anos trabalha na promoção da aldeia, disse que o empresário era um “verdadeiro patrono e condutor de homens para fazer o bem" e que a sua morte constitui perda insubstituível “à realização do sonho profissional de muitos jovens” que tinham nele “a fonte inspiradora”.
O empresário Alcino Chimuco considerou a morte de Segunda Amões “um golpe e que o legado será difícil de preencher.
“Foi-se uma referência empresarial, na arte de inovar e fazer negócio, do nosso tempo, mas com um olhar avançado para o amanhã”, apontou.
Aldeões revoltados queimam cidadão
A morte do empresário Segunda Amões está a ser atribuída à causa não natural. Habitantes da aldeia presumem ter sido vítima de uma “tala”, de 2.500,00, que lhe provocou a inflamação do braço direito, tendo sido submetido, pelos médicos do Mediclinic Morningside, a uma intervenção cirúrgica, para a drenagem de pus.
A população da aldeia Camela Amões, em reacção a esta tese de feitiçaria, partiu enfurecida à procura dos presumíveis acusados, tendo ateado fogo a um cidadão, de nome Nataniel, que acabou por morrer.
A governadora do Huambo, Lotti Nolika, apreensiva com a situação, deslocou-se à aldeia Camela Amões para apaziguar os ânimos e apelar à serenidade.