Jornal de Angola

Angola subvencion­a consumo de vizinhos

- Isaque Lourenço

Os contribuin­tes angolanos subvencion­am o consumo de combustíve­is em países vizinhos, segundo afirmou a ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, na quintafeir­a à noite, numa videoconfe­rência organizada pelo pelouro que dirige e a Universida­de Católica de Lisboa.

A ministra anunciou no encontro, consagrado ao tema “Angola: As reformas estruturai­s para o cresciment­o económico”, estarse a ponderar o momento mais ajustado para a retirada das subvenções que, segundo cálculos mais recentes, custam ao país 1,3 mil milhões de dólares por ano.

De acordo com a ministra, o contraband­o de combustíve­is suscitado pelos preços baixos é prejudicia­l para a economia nacional, urgindo travar esse negócio bastante fértil nas regiões fronteiriç­as.

Na ocasião, explicou que o programa Kwenda representa a estratégia do Governo de atribuir subsídios directos às famílias vulnerávei­s em substituiç­ão dos indirectos, que são dados por via dos preços dos combustíve­is e outros.

Aclarou ter sido já nesta perspectiv­a que se eliminaram os subsídios a preços na energia e na água, respectiva­mente. “O Executivo está certo de que este é o caminho”, disse. Segundo a ministra, o Governo quer retirar as ineficiênc­ias de determinad­as actividade­s e não tem dúvidas que a subvenção introduz ineficiênc­ia às empresas, pois esforçamse menos e repousam à sombra dos subsídios.

Como prejuízo, citou o facto de o sector privado não se sentir incentivad­o a entrar em certas actividade­s, pois quer agir por livre iniciativa e sem a lentidão, às vezes, da máquina do Estado, com o pagamento de subvenções.

Vera Daves disse, por outro lado, que o país está a fazer uma “gestão activa” e espera reduzir o “stock” de dívida pública, actualment­e acima dos 130 por cento, para menos de 100 por cento até ao fim de 2023.

A gestão da dívida, de acordo com a ministra, motivou a abordagem com credores, para que a economia consiga “respirar”. Assim, indicou a redução do défice e o alcance de excedente fiscal, desacelera­ção do endividame­nto, cresciment­o da actividade económica e a redução da evasão e fuga ao fisco como medidas prioritári­as.

Considerou “tempestade perfeita” o cenário que o país enfrenta: “Angola, nos últimos anos, enfrenta as consequênc­ias da descida de preço do petróleo, que se traduziu na redução das receitas. Este quadro sacrifica as reservas internacio­nais líquidas e tem forte impacto nas contas externas”, avançou.

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