Refugiados impedidos de atravessar a fronteira
As Forças Armadas etíopes estão a ser acusadas de impedir que pessoas da região de Tigray atravessassem, ontem, para o Sudão no ponto de passagem habitualmente mais movimentado para os refugiados, disseram à Efe fontes sudanesas.
Essas fontes sudanesas, que falaram sob anonimato porque não estavam autorizadas a discutir os eventos, disseram que as pessoas que tentaram sair da Etiópia foram impedidas, e refugiados que esperavam do lado do Sudão começaram a apedrejar militares etíopes.
As tensões têm aumentado na fronteira nos últimos dias, à medida que o fluxo de passagem dos etíopes diminuiu.
O comissário de gestão de crise da União Europeia pediu, ontem, ao Governo etíope que restaure as comunicações na região Norte de Tigray e apelou a ambos os lados que cessassem as hostilidades.
O Primeiro-Ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, no mês passado ordenou operações militares contra o partido governante da região Norte da Etiópia, a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), em resposta ao que disse serem ataques a acampamentos do Exército Federal da Etiópia. Desde então, dezenas de milhares de refugiados chegaram ao Leste do Sudão, muitos reclamando que não foram capazes de restabelecer contactos com aqueles que ficaram para trás, ou perdidos na luta para sair devido à inexistência de comunicações. A Etiópia concedeu formalmente às Nações Unidas acesso para entregar ajuda a Tigray, mas as dificuldades estão a impedir que isso seja feito.
Na quinta-feira, à tarde, uma parte do aeroporto da região autónoma de Tigray foi destruída por uma explosão de origem ainda desconhecida. O facto aconteceu pouco depois de as autoridades federais terem autorizado as organizações humanitárias a entrarem em Meleke, indica a televisão estatal, citada pela AFP.
Entretanto, a TV etíope divulgou, ontem, um vídeo da capital da região de Tigray, onde a vida parece estar a voltar, lentamente ao normal.
O vídeo mostra militares etíopes movendo-se nas principais ruas de Mekele. Um morador disse que as lojas e negócios estão a reabrir, um mês depois do início das hostilidades. Os militares etíopes também são vistos no vídeo num suposto depósito de armas abandonado na cidade. Mais imagens de TV mostraram vários destroços com partes que parecem ter sido desenterradas
O acordo para a entrega de ajuda humanitária, assinado pelo ministro da Paz da Etiópia, surgiu quatro semanas depois que o Primeiro-Ministro Abiy Ahmed enviou tropas e aviões de guerra numa campanha visando os líderes do partido governante da região, a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF).