“Trocávamos de equipa por pão com gasosa”
Firmino Inácio Dias não escondeu o facto de que naquele tempo o que lhe movia jogar futebol “era mais o amor à camisola” e não outra coisa.
“No fundo, não ganhávamos nada naquela época e nem tínhamos direito sequer a prémios de jogos quando despontamos para o mundo de futebol”, contou o ex-craque que começou como defesa -direito e depois passou para a posição de avançado, no ASA, onde teve como treinador primeiro uma figura que atendia pelo nome de Cerqueira.
E mais: o nosso interlocutor revela, ainda, que as trocas de clube não traziam nada de acréscimo na vida dos respectivos atletas.
“Nós trocávamos de uma equipa para outra só para beneficiar do pão com gasosa”, disse, recordando que começou a usufruir algum dinheiro depois que passou de atleta para trabalhador da SADIL, que participava nos campeonatos corporativos da época.
Firmino Dias acrescenta, ainda, que depois foi para o antigo Agrupamento de Serviços Materiais de Angola (ASMA), que depois evoluiu para Base Central de Reparação (BCR), das extintas Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), e aí também viu cair sobre si o silvo e a trindade, com a situação de empregabilidade efectiva que lhe permitiu, também, usufruir já de um salário.
Nas diferentes épocas em que jogou, conta que sempre encontrou outros grandes craques, como são os casos do lateraldireito Armindo, do meio-campista Nando Caçador e do avançado (no ASA), defesa direito Abreu (Vila Clotilde), os avançados Miguelito, Mendonça e Jorge, assim como os guardaredes Carlos Alberto e Napoleão Brandão, que já fazia dupla categoria de júnior e sénior, nos Dinizes de Ndalatando.
Zé Domingos, Artur Cunha, Dinis, Lourenço Bento, Toninho, Jacinto João, Carlos Queirós e outros formavam, igualmente, a constelação de futebolistas da época, em que FC Luanda onde jogou o exPresidente José Eduardo Santos, era das melhoras equipas.
O antigo craque que além do ASA, Vila Clotilde e Academia do Zangado, actuou ainda pelos Dinizes de Ndalatando e FC Uíje, despontou para o futebol depois dos seus irmãos mais velhos Novato, médio que representou o Vila Clotilde e o Sporting do Lubango, e Dionísio Pio de Amaral Gourgel, que actuou na posição de guarda-redes pela Sotecma e Textang, respectivamente. “Outro dos craques que pariu no seio da família é Julião Inácio Dias, que brilhou ao serviço do ex-Mambroa do Huambo, hoje Benfica, 1º de Agosto e Sporting de Luanda”, revelou o Firmino Dias.