Vacina contra VIH entra na fase final de testes
A vacina contra o VIH entra pela primeira vez na fase 3 dos ensaios clínicos. Os testes deverão demorar 24 a 36 meses
Uma potencial vacina contra Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), responsável pela SIDA, entra na fase final dos ensaios clínicos. É a primeira vez em mais de 10 anos que a vacina chega à Fase 3 dos testes, a última antes da aprovação das entidades reguladoras.
A vacina está a ser desenvolvida pela farmacêutica norte-americana Janssen Pharmaceuticals, que faz parte do grupo Johnson & Johnson.
António Fernández, investigador da farmacêutica, citado pelo El País, explica que esta vacina contra o VIH usa a mesma tecnologia que a empresa tem utilizado na sua vacina contra a Covid-19.
Ou seja, um adenovírus modificado para transportar ao interior das células do sujeito o ADN das suas proteínas mais representativas para que o organismo crie anticorpos contra elas.
São, na realidade, duas variantes da vacina, diz o especialista. Uma codificada com três proteínas e outra com quatro, denominadas de mosaico. Estes fármacos passaram pelos testes de segurança e demonstraram gerar anticorpos, como revela o artigo publicado na revista especializada The Lancet. Agora vão ser testadas em ambiente real, um estudo que poderá durar entre 24 a 36 meses.
Voluntários recrutados
Para a Fase 3 dos ensaios clínicos já começaram a ser recrutados voluntários. No total, vão ser 3800 pessoas em todo o mundo que vão testar esta potencial vacina contra o VIH , responsável pela SIDA, Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, conforme explica a Direcção-geral da Saúde (DGS).
O vírus “ataca e destrói o sistema imunitário do nosso organismo, isto é, destrói os mecanismos de defesa que nos protegem de doenças”, lê-se no site da DGS.
Há mais de uma década, em 2009, os testes da Fase 3 de uma potencial vacina contra o VIH falharam, uma vez que o fármaco desenvolvido na altura apenas evitava 30% das infecções por VIH.
A razão da dificuldade em encontrar uma vacina deve-se ao facto de se tratar de um vírus que tem uma grande variabilidade, muda de características e “escapa” quando é confrontado com as células do sistema imunitário, explica José Moltó, da Fundação de Luta contra a SIDA, com sede em Barcelona, um dos médicos que vai participar nesta nova fase de testes.
Aliás, explica este médico, a razão pela qual os tratamentos antivirais começaram a ser eficazes há 25 anos prende-se com o facto de ter existido a combinação de vários, que conseguiram interromper o ciclo de reprodução do vírus.