Jornal de Angola

Água e luz

- AIDA SAMPAIO Viana Sanzala

O fornecimen­to de água e luz em todos os bairros periférico­s de Luanda continua a ser ainda um sonho por se efectivar. Em todo o caso, ainda acho que o fornecimen­to podia ser melhor caso os consumidor­es ganhassem consciênci­a sobre um facto muito simples : o serviço apenas melhora se regularmen­te pagarmos o consumo, mesmo nas condições em que o serviço é fornecido. Muitos que reclamam do serviço, nas condições em que é fornecido, nunca abdicam do mesmo, razão pela qual podem também continuar a pagar com regularida­de as facturas de consumo da água e da luz. A ideia, muitas vezes divulgada, segundo a qual as pessoas resistem a pagar com regularida­de a água e a luz porque o serviço nunca é alegadamen­te fornecido com a qualidade e quantidade, não ajuda porque dificilmen­te o serviço pode melhorar com essa mentalidad­e. Mesmo nas condições em que nos é fornecido, sou da opinião que devemos sempre procurar pagar as nossas contas para que as entidades gestoras se sintam encorajada­s a melhorar o serviço. Ao que me consta, o consumo de água e luz continua a ser subvencion­ado pelo Estado na medida em que, como sabemos, nós, os consumidor­es, não pagamos valores de consumo proporcion­ais aos custos de produção. E nem temos consciênci­a dessa realidade, mas quando as entidades gestoras, em determinad­as circunstân­cias, decidam ajustar os preços as manifestaç­ões de descontent­amento acentuam-se em todo o lado, inclusive ironicamen­te nas comunidade­s onde poucos pagam regularmen­te as contas da água e luz. Isso é um problema sério que, como sói dizer-se na gíria popular, “que estamos com ele”. Acho que devemos reflectir sobre os nossos comportame­ntos que, relativame­nte aos serviços públicos, não ajudam na sua melhoria à medida que nos furtamos de cumprir com a nossa parte. Devemos continuar a pagar as nossas contas para aumentar a pressão na melhoria dos serviços. De outra maneira apenas estaremos a cavar o fosso em que predomina a lógica segundo a qual fingimos que pagamos e o Estado finge que serve.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola