Os ganhos da Zona de Comércio Livre
A integração de Angola na Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA) sempre mereceu uma reacção contra daqueles que tinham ganhos fabulosos, porque sem concorrência dominavam completamente o mercado. Embora o país aplique milhões de dólares na importação de alimentos, quase sempre fora do continente, não interessava nada aos que tinham o monopólio desse segmento de mercado ter uma zona de livre comércio, onde a competitividade é um princípio basilar.
Com o mercado aberto, a corrupção e a prática de dumping perdem espaço. As empresas terão escolhas mais alargadas e com taxas mais atractivas. De acordo com as regras da ZCLCA, o país terá grandes oportunidades para a internacionalização da sua economia num mercado com um volume anual de negócios de 3,5 triliões de dólares.
África precisava de olhar, com olhos de ver, para o seu próprio mercado, cuja percentagem de comércio intra-continental é relativamente baixa, situada em pouco mais de 17 por cento, travada por elevados direitos aduaneiros entre os blocos sub-regionais e inúmeras barreiras não pautais.
A Comissão Económica das Nações Unidas para África (CEA) estima que a remoção de barreiras pautais entre os países africanos, por intermédio da ZCLCA, vai resultar num aumento do comércio intraafricano de 15 a 25 por cento, a maioria do qual atribuível aos bens industriais. Até 2040, a percentagem de comércio intracontinental será superior a 50 por cento do total das suas exportações.
Espera-se que este aumento, por sua vez, contribua para o desenvolvimento de cadeias de valor regionais, mais empregos industriais e rendimentos mais elevados no terreno. Estes ganhos comerciais colocarão os países africanos em melhor posição de participar mais eficazmente a um nível mais alto das cadeias de valor globais.
Com a entrada em vigor, a 1 de Janeiro de 2021, do Acordo da ZCLCA, o Presidente da República, João Lourenço, apela ao engenho empreendedor das empresas nacionais, que estarão integradas em mercados mais competitivos, eficientes e melhor preparados para responder às necessidades dos consumidores africanos, de modo a melhorar a posição do país no ranking mundial do “doing business” nos próximos anos.
O ministro do Comércio e Indústria, Vić tor Fernandes, antevê um quadro no qual vai haver, cada vez mais, oferta da qualidade dos produtos e dos serviços. O país vai ganhar com o processo de troca e livre concorrência.
Com este passo, o que se pretende é que a economia angolana seja, cada vez mais, aberta ao mundo, buscando, neste espaço continental, as complementaridades necessárias para garantir o progresso social e o bem-estar dos angolanos.