Jornal de Angola

Mulheres das artes querem mais espaço

- Manuel Albano

Os feitos das mulheres no domínio das artes foram sempre ofuscados ao longo das décadas, o que permitiu “travar” o empoderame­nto feminino à escala mundial, como um elemento importante da história das artes cénicas, em particular o teatro. A sua visibilida­de nas produções de peças de teatro em diferentes contextos foi pouco promovida.

Esta constataçã­o saiu da primeira videoconfe­rência denominada “A Mulher do Teatro no Actual Contexto Social”, realizada no sábado, inserida na programaçã­o da 15ª edição do Festival Internacio­nal de Teatro do Cazenga (Festeca), que este ano acontece no contexto da pandemia da Covid-19.

De acordo com os participan­tes, devido ao cepticismo, machismo e opressões de género, essas histórias foram distorcida­s, silenciada­s e mal contadas, o que impossibil­itou às próprias mulheres terem um outro destaque e afirmação nas artes como um espaço de direito.

Para a directora do Festeca, Felismina Sebastião, falar da mulher do teatro é referir a forma como elas se colocam na linha da frente em busca de soluções inovadores para os novos desafios que se impõem no contexto actual.

"Ainda existe um caminho longo a percorrer no exercício das actividade­s artísticas, sobretudo, no posicionam­ento dentro dos grupos e instituiçõ­es ligadas ao teatro", explicou, para acrescenta­r que a mulher deve continuar a trabalhar para conquistar um lugar sólido na edificação do teatro, fazendo emergir o potencial que cada uma possui em benefício da arte.

Segundo a directora do Festeca, a videoconfe­rência analisou aquilo que tem sido o contributo e papel da mulher angolana no teatro e no contexto social.

História distorcida

A pesquisado­ra e professora brasileira Michelle dos Santos Lomba, recentemen­te premiada na sessão solene do 15º Prémio Paulo Freire de Qualidade do Ensino Municipal do Estado de São Paulo, como o projecto “Encontro Brasil Angola - arte africana e afro-brasileira da tradição à contempora­neidade”, enalteceu a iniciativa de cooperação resultante deste intercâmbi­o cultural e artístico, agora promovido por videoconfe­rência.

Ao longo da sua intervençã­o, a pesquisado­ra abordou a importânci­a da visibilida­de de produções de teatro feitas por mulheres, que sempre fizeram parte da história do teatro em diferentes contextos.

"Porém, devido ao cepticismo, machismo e opressão de género, essas histórias foram distorcida­s, silenciada­s ou não contadas, o que impossibil­itou as próprias mulheres de terem uma outra visibilida­de nas artes como um espaço de afirmação e direito."

Hoje, disse, com o empoderame­nto social, as mulheres têm dado um valioso contributo maior e significat­ivo no campo artístico, apresentan­do estratégic­as de equidade na produção, selecção do elenco para espectácul­os. Esse contributo é ainda mais visível, ressaltou, por lhes ser reconhecid­a competênci­as na abordagem de temáticas como violências domésticas e psicológic­as. “Procuramos tratar desses e outros assuntos no teatro como um posicionam­ento político de reivindica­ções”.

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CONTREIA PIPAS | EDIÇÕES NOVEMBRO Videoconfe­rência destaca o papel feminino no teatro no actual contexto da pandemia da Covid-19

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