Executivo entrega meios para processo de desminagem
Organização Não-Governamental HaloTrust recebeu detectores de engenhos explosivos para desminar áreas do Projecto Transfronteiriço de Conservação Ambiental Okavango-Zambeze
O Executivo angolano entregou à Organização Não-Governamental Britânica de desminagem Halo Trust, que está trabalhar na província do Cuando Cubango, 35 viaturas e 190 detectores de engenhos explosivos de alta tecnologia, no valor de 18 milhões e 500 mil dólares.
O responsável da Halo Trust no Cuando Cubango, José António, que prestou a informação ao Jornal de Angola, disse que se tratam de 19 camiões e 16 veículos ligeiros para os trabalhos de desminagem nas áreas do projecto Transfronteiriço de Conservação Ambiental Okavango-Zambeze (ATFC/KAZA).
O responsável informou que, outros equipamentos de desminagem, adquiridos no exterior do país, já estão nos portos de Benguela e de Luanda, “e chegam no Cuando Cubango nos próximos dias, para o andamento rápido do processo de remoção de engenhos explosivos”.
A Halo Trust, segundo José António, prevê limpar uma área de 15 milhões, 831 mil e 561 metros quadrados suspeita de minas do projecto KAZA, que corresponde unicamente ao território angolano.
“Além da recepção dos novos equipamentos, serão reabilitados detectores de minas e viaturas que se encontram em condições menos boas, para a eficácia dos trabalhos de detecção de engenhos explosivos”, disse, acrescentado que a desminagem do projecto KAZA abrange uma área de 87 mil metros quadrados, englobando os municípios do Dirico, Cuito Cuanavale, Rivungo e Mavinga.
Relativamente aos municípios do Cuito Cuanavale e Mavinga, o responsável da Halo Truste, fez saber que os trabalhos vão estar direccionados no troço de 200 quilómetros que separa estas duas regiões, passando pelo rio Lomba, percurso que se presume ter muitas minas.
Nos municípios do Rivungo e Dirico a desminagem vai incluir o Parque Nacional de Luengue -Luiana, com uma área de 22 mil e 610 metros quadrados, a Bacia do Okavango e reservas parciais, onde tem variadíssimas espécies de animais e recursos hídricos, com vista a atracção de turistas nacionais e internacionais.
José António lembrou que ATFC/KAZA, que além de Angola, inclui quatros países da África Austral, concretamente a Zâmbia, Namíbia, Botswana e Zimbabwe, com uma extensão de 287 mil metros quadrados. “O atraso da implementação do projecto está do lado angolano devido às minas, pois, nos outros países, a circulação rodoviária é feita com normalidade, e consequentemente há tranquilidade para actividade turística”, realçou.
Recrutamento de sapadores
Para José António, a Halo Trust pretende recrutar mais 750 técnicos para a desminagem, cuja primeira fase terminou na semana passada, dos quais 60 por cento terão de ser sapadores e os restantes supervisores, motoristas, pessoal de apoio administrativo, mecânicos e seguranças. “O recrutamento será abrangente apenas à população angolana, sendo os requisitos, ensino médio, experiência de liderança de equipas e ter vocação para trabalhar em zonas rurais”, avançou.
A Halo Trust, revelou, está a trabalhar também no processo de desminagem em Menongue, Cuangar e Cuchi, para a limpeza de espaços, com vista o fomento da agricultura, construção de estradas entre outras infra-estruturas.
“Os trabalhos de desminagem, este ano, não estão a decorrer como deviam devido a Covid-19, pois, fomos obrigados a dispensar vários trabalhadores, e ficamos com 50 por cento da capacidade da mão-de-obra”, deplorou.
Desde o início do ano, a Halo Trust removeu e destruiu no Cuando Cubango, 61 minas anti-tanque, 129 minas antipessoal e 990 uxos, num espaço de 264 mil e 540 metros quadrados, concretamente nos municípios de Menongue, Cuangar e Cuchi.