Acções colectivas contra o terrorismo
Mais do que produzir moções políticas de apoio sem qualquer alcance prático, no fim de extenuantes reuniões ministeriais, Angola voltou a reafirmar, domingo, durante a 14ª Cimeira Extraordinária da União Africana, que é urgente uma acção colectiva dos Estados-membros da organização para combater o terrorismo, que constitui hoje um dos principais flagelos que afectam o continente. Para travar o alastramento de ataques terroristas no norte de Moçambique, nas regiões do Sahel (Senegal, Mauritânia, Mali, Burkina Faso, Níger, Nigéria e Tchad) e no Corno de África (Etiópia, Eritreia, Somália e Djibuti), Angola aponta que é preciso realizar, de imediato, a Cimeira Extraordinária da União Africana sobre o Terrorismo, proposta, em Fevereiro deste ano, pelo Presidente João Lourenço, durante a Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da organização, que decorreu em Addis Abeba, Etiópia. A Cimeira, proposta por Angola, terá como ponto único encontrar soluções para fazer frente ao terrorismo crescente nas regiões mais voláteis do continente, que só em Moçambique já matou mais de dois mil civis e desalojou 500 mil pessoas na província de Cabo Delgado. Angola, que conhece como poucos os horrores da guerra e o valor da solidariedade, demonstrado durante a luta contra o apartheid, considera o combate ao terrorismo uma das prioridades da acção colectiva dos Estados-membros da União Africana. As autoridades angolanas, que não têm poupado esforços para promover a paz e segurança a nível interno e externo, reiteram que é preciso travar o sofrimento das populações indefesas e criar no continente uma dinâmica de paz e desenvolvimento económico e social, que passam por acções concretas para o calar das armas. A África, seguindo o pensamento de Neto, não pode continuar “um corpo inerte, onde cada abutre vem debicar o seu pedaço”.