Jornal de Angola

“Há avanços notáveis nos Direitos Humanos”

- Alberto Quiluta

O ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, admitiu, ontem, em Luanda, que, apesar dos avanços alcançados nos últimos anos, o país ainda enfrenta desafios na concretiza­ção dos direitos económicos, sociais, culturais, civis e políticos.

Francisco Queiroz, que falava no acto central alusivo ao Dia Internacio­nal dos Direitos Humanos, apontou, entre os direitos económicos e sociais, o referente à saúde, educação, acesso à terra ou à habitação especial nas zonas rurais.

Relativame­nte aos direitos civis e políticos referiu-se aos da liberdade de expressão, informação ou de manifestaç­ão pacífica.

Um dos aspectos mais notórios do compromiss­o do Executivo, disse, consiste no diálogo com a sociedade civil, processo que conta com o envolvimen­to directo do Titular do Poder do Executivo, no quadro de uma governação mais participat­iva.

O ministro sugeriu a formalizaç­ão de um protocolo de cooperação com os responsáve­is dos demais Departamen­tos Ministeria­is, nomeadamen­te dos sectores da Educação e Ensino Superior, para se implementa­r o ensino dos Direitos Humanos nas escolas e universida­des.

Francisco Queiroz destacou “os notáveis avanços no combate ao tráfico de seres humanos no país” que, de acordo com um relatório do Departamen­to de Estado norte-americano, melhorou o desempenho, passando do nível 2W de percepção para o nível 2, assim como subiu 19 lugares no ranking de corrupção e transparên­cia internacio­nal.

O ministro lembrou que o relatório Mo Ibrahim, publicado em Novembro, mostra que Angola teve avanços e revela sinais de progresso crescente. Sobre o ambiente de negócios, destacou o contínuo esforço para melhorar a percepção do país no indicador Doing Business do Banco Mundial.

Denúncia de violação dos direitos

Francisco Queiroz disse estar prevista a criação de um sistema de alerta e fiscalizaç­ão dos Direitos Humanos para denúncias de violação neste aspecto. Numa primeira fase, esclareceu, pretende-se que a plataforma seja operaciona­lizada pelos Comités Locais dos Direitos Humanos, para o cidadão ser mais ouvido e melhor servido relativame­nte a direitos, liberdade e garantias fundamenta­is.

No âmbito da cooperação internacio­nal com parceiros estratégic­os, o Ministério da Justiça e do Direitos Humanos teve diálogos países como a Noruega e Estados Unidos da América e organizaçõ­es multilater­ais, entre as quais a União Europeia.

A representa­nte e coordenado­ra do Sistema das Nações Unidas em Angola, Zahira Virani, lembrou que a pandemia da Covid-19 veio abalar, ainda mais, situações e pessoas vulnerávei­s.

Zahira Virani pediu a todos os actores a participar­em na promoção, defesa e protecção dos Direitos Humanos. Na sua óptica, isso passa, também, pelo reforço da capacidade dos comités locais dos Direitos Humanos.

Virani reafirmou o compromiss­o do sistema das Nações Unidas de cooperar com o Governo e parceiros na defesa dos Direitos Humanos em Angola.

Raul Danda, presidente da Comissão da Assembleia Nacional que trata de assuntos dos Direitos Humanos, Petições, Reclamaçõe­s e Sugestões dos Cidadãos, considerou que a violação dos Direitos Humanos ocorre nos actos de violência policial e doméstica, marcados pela brutalidad­e contra mulheres, crianças e até homens, e demolição de casas, num total desrespeit­o à lei.

O deputado referiu os esforços que têm sido feitos, nos mais variados níveis e campos de actuação, para a promoção, preservaçã­o e defesa dos Direitos Humanos, mas salientou haver, ainda, “muito caminho a percorrer”. A caminhada, disse, tem de ser feita “com sinceridad­e e vontade manifesta de querer fazer”.

“Precisamos de multiplica­r os esforços no sentido de levarmos ao conhecimen­to dos cidadãos quais os direitos que têm, com o mesmo vigor e acutilânci­a com que lhes recordamos os seus deveres e obrigações”, defendeu.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Francisco Queiroz, ministro da Justiça e dos Direitos Humanos

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