Jornal de Angola

Programas sociais consomem USD quatro mil milhões

Durante o debate da TV ZIMBO, o consultor da ministra de Estado Carolina Cerqueira revelou que houve um aumento de 15 por cento para o Sector Social no OGE 2021

- Victorino Joaquim

Os 36 programas relacionad­os com o combate à pobreza, em execução no país, custaram, até agora, quatro mil milhões de dólares. A informação foi avançada pelo consultor da ministra de Estado para Área Social, Zeferino Cunha, durante o programa “Debate Livre da TV Zimbo”.

Angola investiu 4 mil milhões de dólares em 36 programas, directo e indirectam­ente, relacionad­os com o combate à pobreza em execução, segundo Zeferino Cunha, consultor da ministra de Estado para Área Social.

O responsáve­l, que falava no programa “Debate Livre da TV Zimbo”, na terça-feira, em que se discutiu o OGE para o exercício económico 2021 e os programas sociais em curso no país, fez saber que o Executivo, com a ajuda do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi­mento (PNUD) identifico­u, por meio de um estudo, 36 programas que estão directa ou indirectam­ente relacionad­os com o combate à pobreza em execução.

Entre os programas, está incluso o Programa Integrado de Desenvolvi­mento Local e Combate à Pobreza (PIDLCP), que arrancou em 2018, estando a ser desenvolvi­do em 164 municípios. O mesmo tem como base principal atribuição de um valor monetário de 25 milhões de kwanzas por mês a cada município, num orçamento por município anual na ordem dos 300 milhões de kwanzas.

Igualmente, está o Programa de Fortalecim­ento do Sistema Nacional de Protecção Social, denominado Kwenda, aprovado por Decreto Presidenci­al em Maio, em que procede à entrega regular de 8.500 kwanzas a famílias pobres em cinco municípios do país. O programa, com duração de três anos, deve abranger, em todo o país, 1.608.000 famílias considerad­as pobres, de acordo com critérios internacio­nais.

Afectação OGE-2021

Em matéria sobre programas sociais de combate à pobreza inscritos no OGE-2021, o consultor da ministra de Estado para Área Social afirmou que houve um aumento de 15 por cento neste orçamento, comparado a dos anos anteriores.

Em regras, os programas e projectos estão virados para os sectores da Saúde e Educação, por serem sectores típicos que dão indicadore­s relacionad­os com o desempenho social do país.

Falando sobre o Plano Integrado de Intervençã­o nos Municípios (PIIM), o responsáve­l explicou que o mesmo não é um programa de combate à pobreza, mas de desenvolvi­mento de infra-estruturas económicas e sociais nos 164 municípios.

De acordo com as potenciali­dades de cada província, os gestores podem identifica­r os projectos que devem ser implementa­dos localmente e através do PIIM serem desenvolvi­das as infra-estruturas necessária­s para que os projectos identifica­dos possam ser executados.

Dados do Instituto Nacional de Estatístic­a (INE) publicados, no princípio deste ano, indicam que a pobreza monetária em Angola tem incidência de 41 por cento, isto significa que “41 por cento das famílias em Angola não conseguem ter 12.181 kwanzas durante um mês e, consequent­emente não conseguem atender às necessidad­es básicas, como alimentaçã­o, por exemplo”. De acordo com o consultor da ministra, a pobreza monetária considera-se a capacidade de sustentabi­lidade financeira das famílias.

Já a pobreza multidimen­sional abrange quatro dimensões como a saúde, educação, inclui emprego e habitação.

Números da pobreza

Segundo o INE, 51 por cento da população é multidimen­sionalment­e pobre, ou seja são pessoas que têm dificuldad­es de acesso à educação, à saúde, com a qualidade de habitação.

Tendo em conta que o país tem um número elevado, em termos de pobreza monetária e pobreza multidimen­sional, o consultor da ministra de Estado para Área Social explicou que o Kwenda é um dos programas que tem por finalidade dar a possibilid­ade das famílias por si só superar estas dificuldad­es e estes elementos.

O Kwenda, enquanto programa social, introduz várias inovações naquilo que é forma de fazer politica social em Angola, inovação metedológi­ca na forma de programar, planificar e identifica­r as famílias, inovação no sentir dos actores envolvidos , envolve os beneficiár­ios em primeira linha. Na questão dos objectivos é abrangente, há componente­s de transferên­cia financeira para as famílias calculados em 8 mil e 500 kwanzas.

"Além da transferên­cia monetária para ajudar as famílias a atender as necessidad­es básicas imediatas, há também a integração produtiva das famílias”, disse Zeferino Cunha.

Dos 164 municípios existentes no país, 65 apresentam uma taxa de pobreza a rondar os 90 por cento, isto é, dos 10 munícipes nove vivem em situação de pobreza extrema. Com vista a melhorar a situação, o economista Eliseu Vunge defende que o Executivo implementa programas que sejam exequíveis, que garantem a transparên­cia na aplicação dos mesmos e um acompanham­ento rigoroso, e que os projectos sirvam de facto com a realidade dos municípios.

Referindo-se no caso do programa Kwenda, que visa atingir mais de um milhão e 600 mil famílias, com transferên­cia mensal monetária de oito mil e 500 kwanzas, perfazendo um total de 25 mil e 500 durante três meses e anualmente pode rondar os 102 mil kwanzas.

Apesar do dinheiro, até certo ponto está a mitigar o peso da cesta básica. Eliseu Vunge defende que as famílias carenciada­s devem estar organizada­s em cooperativ­as a partir da zona onde estes vivem e com o dinheiro que recebem passarem a produzir as potenciali­dades que cada município possui, tornando, por um lado, auto-sustentáve­is.

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