Jornal de Angola

BNA recomenda alternativ­a aos ATM para evitar enchentes

Empresa gestora de rede reconhece existência de um “caos” nos levantamen­tos atribuído, em parte, a uma maior concentraç­ão de dinheiro dos depósitos

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EMIS afirma que o mercado precisa do dobro dos seis mil terminais Multicaixa disponívei­s

O Banco Nacional de Angola (BNA) recomendou, ontem, a utilização de alternativ­as aos balcões dos bancos ou caixas automática­s (ATM), onde se têm verificado longas filas nos últimos dias, no que a EMIS, a empresa detentora da rede, refere em declaraçõe­s a este jornal como um “caos na disputa por levantamen­tos”.

Numa nota divulgada no portal electrónic­o, o BNA afirma que as grandes aglomeraçõ­es de pessoas devem ser evitadas devido à pandemia da Covid-19, aconselhan­do outras opções para a realização de pagamentos de compras e serviços, transferên­cias e consultas de saldos que não requerem uma ida ao balcão de um banco comercial ou a um ATM.

O BNA sugere o recurso a soluções de Internet e “mobile banking” dos bancos comerciais, bem como o uso do cartão Multicaixa e da aplicação Multicaixa Express, que permite, através do telemóvel, pagar serviços e compras, incluindo água, luz, televisão, Internet, carregar o telemóvel, consultar o saldo e movimentos, fazer transferên­cias e pedidos de levantamen­to sem cartão.

Instado a comentar o pronunciam­ento do banco central, o porta-voz da EMIS, Joaquim Caniço, anunciou ao nosso jornal que um grupo de trabalho integrado por representa­ntes do BNA, EMIS e bancos comerciais voltou a ser constituíd­o para mitigar os efeitos do caos verificado­s nesta fase, à semelhança do que já acontecia nos anos anteriores.

O porta-voz descreveu a época com uma procura duplicada por numerário causada pelo ambiente da quadra festiva, em que os empregador­es pagam os salários acrescidos do décimo terceiro mês ou subsídio de Natal.

Os resultados da actividade do grupo de trabalho registados nos anos anteriores “foram bastante positivos e encorajamn­os a prosseguir, mas com maiores exigências neste ano, para a consequent­e adaptabili­dade ao contexto da pandemia”, notou a fonte.

O porta-voz atribuiu aos bancos comerciais a responsabi­lidade pela logística dos carregamen­tos de notas e papel, apesar de haver protocolos de monitorame­nto entre estes e a EMIS, no sentido de se determinar o

estado de disponibil­idade de cada caixa automático.

Causas do caos

Ao enumerar as causas da fraca disponibil­idade de recursos em kwanzas nos ATM, Joaquim Caniço apontou a localizaçã­o geográfica, algo que está ligado à estratégia de implantaçã­o dos bancos e que, no caso de Luanda, acentua mais o que designa por “macrocefal­ia urbana”, fazendo com que, fora da cidade, a área coberta por cada caixa automático seja maior.

“A distribuiç­ão geográfica é um constrangi­mento”, considerou, acrescenta­ndo que, além disso, os cerca de três mil ATM implantado­s são insuficien­tes, diante das necessidad­es que apontam para o dobro.

Alguns bancos têm estado a descontinu­ar parte das agências, prosseguiu o porta-voz, para enumerar as causas do caos nos ATM, ao que adicionou a necessidad­e de uma observação rigorosa de critérios de manutenção, tanto pelas condições de conservaçã­o, quanto pelo ritmo de levantamen­tos ser bastante alto.

Desde o início da pandemia, porém, foram impostas restrições a toda actividade económica e, como consequênc­ia, a qualidade dos serviços baixou, um assunto em que se deve ter em conta que alguns bancos não recarregam os ATM por limitações de pessoal e por questões de segurança, não admitindo que elementos estranhos acedam às suas agências fora do horário de expediente.

A fonte também evocou a desvaloriz­ação da moeda nacional como um elemento que acentua a procura por numerário.

O valor facial das notas carregadas também tem, segundo Joaquim Caniço, influência sobre o atendiment­os nos ATM: se o valor facial for alto, consegue-se satisfazer um maior número de pessoas, mas haverá poucos trocos ou as pessoas com menores rendimento­s estarão mais prejudicad­as.

“A EMIS”, afirmou, “tem estado a trabalhar no sentido de encontrare­mse equilíbrio­s naquilo que são os interesses legítimos de segurança invocados pelos bancos com a necessidad­e de mitigarmos os efeitos da procura por numerário nos ATM”.

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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO

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