GRECIMA não possuía serviço de contabilidade
O antigo director do extinto Gabinete de Revitalização e Execução da Comunicação Institucional e Marketing da Administração (GRECIMA), Manuel Rabelais, revelou, ontem, que a instituição de que era responsável não tinha serviços de contabilidade, devido ao carácter secreto e sigiloso da actividade que desenvolvia.
Manuel Rebelais, 57 anos (e não 54 como publicamos ontem), foi o primeiro dos dois réus a ser ouvido, pelo Tribunal Supremo, no processo judicial ligado à sua gestão. Rabelais disse que o então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, orientou o director do GRECIMA que todas as operações financeiras fossem feitas de forma sigilosa. A prestação de contas devia ser feita de forma oral e apenas ao Presidente José Eduardo dos Santos, acrescentou.
“Todas as operações de transferência monetária deveriam ser efectuadas com o carácter secreto, sem papel, sem deixar rastos e a prestação de contas feita de forma verbal e só a ele”, afirmou o réu, que garantiu desconhecer o montante dos movimentos.
Manuel Rebelais reiterou que o GRECIMA dependia apenas do Chefe de Estado e do seu director e que a implementação de algumas acções era feita em coordenação com a então Casa Militar (hoje Casa de Segurança) do Presidente da República.
A criação do GRECIMA, disse, tinha como motivação principal a melhoria, defesa e promoção da imagem de Angola dentro e fora do país. “A percepção que se tinha de Angola no exterior era de um país altamente corrupto, desde o Presidente da República, membros do Governo, parlamentares, tribunais e jornalistas”, disse, acrescentando que foi para se mudar este quadro que se criou o GRECIMA.
Para cumprir aquela missão, sublinhou, aquele órgão precisava de dinheiro, pois não tinha disponibilidade financeira, apesar de o Orçamento Geral do Estado ter previsto verbas para esteaquele fim. A dificuldade financeira justificava-se com o momento de crise que o país atravessava.
O antigo director do GRECIMA confirmou as transacções de divisas do Banco Nacional de Angola para os bancos comerciais BPC, BCI, BIC e Sol, onde era o único assinante das contas.
Manuel Rabelais disse que o co-réu Hilário Santos, seu assistente de campo, era o único funcionário que facilitava a venda de divisas dos bancos comerciais às empresas e pessoas singulares. Hilário Santos não tinha vínculo ao GRECIMA e não tinha salários.