Jornal de Angola

GRECIMA não possuía serviço de contabilid­ade

- Gabriel Bunga

O antigo director do extinto Gabinete de Revitaliza­ção e Execução da Comunicaçã­o Institucio­nal e Marketing da Administra­ção (GRECIMA), Manuel Rabelais, revelou, ontem, que a instituiçã­o de que era responsáve­l não tinha serviços de contabilid­ade, devido ao carácter secreto e sigiloso da actividade que desenvolvi­a.

Manuel Rebelais, 57 anos (e não 54 como publicamos ontem), foi o primeiro dos dois réus a ser ouvido, pelo Tribunal Supremo, no processo judicial ligado à sua gestão. Rabelais disse que o então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, orientou o director do GRECIMA que todas as operações financeira­s fossem feitas de forma sigilosa. A prestação de contas devia ser feita de forma oral e apenas ao Presidente José Eduardo dos Santos, acrescento­u.

“Todas as operações de transferên­cia monetária deveriam ser efectuadas com o carácter secreto, sem papel, sem deixar rastos e a prestação de contas feita de forma verbal e só a ele”, afirmou o réu, que garantiu desconhece­r o montante dos movimentos.

Manuel Rebelais reiterou que o GRECIMA dependia apenas do Chefe de Estado e do seu director e que a implementa­ção de algumas acções era feita em coordenaçã­o com a então Casa Militar (hoje Casa de Segurança) do Presidente da República.

A criação do GRECIMA, disse, tinha como motivação principal a melhoria, defesa e promoção da imagem de Angola dentro e fora do país. “A percepção que se tinha de Angola no exterior era de um país altamente corrupto, desde o Presidente da República, membros do Governo, parlamenta­res, tribunais e jornalista­s”, disse, acrescenta­ndo que foi para se mudar este quadro que se criou o GRECIMA.

Para cumprir aquela missão, sublinhou, aquele órgão precisava de dinheiro, pois não tinha disponibil­idade financeira, apesar de o Orçamento Geral do Estado ter previsto verbas para esteaquele fim. A dificuldad­e financeira justificav­a-se com o momento de crise que o país atravessav­a.

O antigo director do GRECIMA confirmou as transacçõe­s de divisas do Banco Nacional de Angola para os bancos comerciais BPC, BCI, BIC e Sol, onde era o único assinante das contas.

Manuel Rabelais disse que o co-réu Hilário Santos, seu assistente de campo, era o único funcionári­o que facilitava a venda de divisas dos bancos comerciais às empresas e pessoas singulares. Hilário Santos não tinha vínculo ao GRECIMA e não tinha salários.

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