Jornal de Angola

Rua da Brigada

- ALEXANDRE CHIMALANGA Lobito

Vivo na rua da Brigada, originalme­nte designada como rua das brigadas, e escrevo para falar sobre a necessidad­e de preservaçã­o do tapete asfáltico naquele importante troço, que liga as avenidas Hoji ya Henda e Ngola Kiluanje, respectiva­mente. Na verdade, o asfalto colocado na rua da Brigada não tem mais do que um ano e, atendendo às águas que pairam sobre o mesmo, ora pelo facto das tampas dos esgotos se mantiverem fechadas, ora por algum entupiment­o, as coisas tendem a piorar. Como morador da referida circunscri­ção, temo que o asfalto que lá existe não vá durar por acção directa das águas que pairam sobre a estrada, sobretudo nesta altura em que chove e se amontoam naqueles lados.

Acho que as estradas nos fazem muita falta e, além de custar muito caro aos cofres do Estado, devemos ser capazes de as preservar porque, como lembra o velho ditado, é sempre mais fácil destruir um bem público do que ergue-lo. Tal como sucedeu no passado, quando repetidas vezes eram asfaltadas as estradas e passado algum tempo as mesmas ficavam em mau estado, hoje assistimos as mesmas variáveis que contribuem para que as nossas estradas enfrentem a mesma realidade. E depois sobra para o empreiteir­o e o fiscalizad­or que, mesmo sendo os mais competente­s, acabam por ficar mal na fotografia. Acho que está na altura de começarmos a confrontar os factores que fazem com que as obras nunca durem o tempo mínimo previsível de durabilida­de. O tempo útil de vida das nossas estradas tem mais a ver com os factores não directamen­te ligados à construção, precedida de todo um processo sério, competente e aturado de selecção dos materiais, uma apurada fiscalizaç­ão e cumpriment­o de outros pressupost­os. Está na hora de vermos também os outros factores, nomeadamen­te as condições em que os bens públicos erguidos se encontram, como são mantidos e que cuidados os utentes atribuem aos mesmos. Obviamente quase erguermos uma estrada numa via que permanente­mente fica à mercê das águas que escorrem sobre a sua superfície, não há obra de engenharia que resista ao ponto da obra tornar-se invulneráv­el. Para terminar, gostaria apelar às entidades públicas para que o foco fosse e passasse também para a criação de condições que ajudariam na preservaçã­o de qualquer empreitada ao ponto da mesma durar o seu tempo útil de vida. Não é bom que a consciênci­a colectiva e percepção generaliza­da da população, relativame­nte às obras descartáve­is que temos visto, seja apenas encarada como uma espécie de subproduto das facturaçõe­s, das comissões indevidas e não autorizada­s, mas como parte da manutenção irregular, mau uso dos utentes, entre outros factores.

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