Rebeldes impedem livre acesso a Palma
Rebeldes armados incendiaram duas viaturas de transporte e fecharam, na quarta-feira, ao final da tarde, a única via terrestre que ainda dá acesso a Palma, distrito do mega-projecto de gás natural de Cabo Delgado, Moçambique, disseram à Lusa fontes locais.
As duas viaturas circulavam na estrada de terra batida, carregadas de mercadorias e passageiros, em número indeterminado, desde Mueda, quando os motoristas notaram haver movimento em Pundanhar, aldeia abandonada desde há um mês após um ataque.
Um outro ataque contra viaturas de transporte nas imediações de Pundanhar, em Setembro, vitimou pelo menos 24 pessoas, sepultadas por familiares e amigos no próprio local da incursão de rebeldes, por falta de condições de segurança para recolher os corpos.
Noutro ponto do distrito de Palma, na segunda-feira, um grupo de insurgentes invadiu a tiro a aldeia de Mute, a menos de 25 quilómetros da área de construção do megaprojecto de gás natural liderado pela petrolífera francesa Total. As Forças de Defesa e Segurança (FDS) responderam com o apoio de helicópteros e retomaram o controlo da povoação, enquanto a população fugiu em debandada para a vila sede de distrito e outras povoações, em busca de segurança. O ataque fez com que várias equipas das obras de infra-estruturas no projecto de gás tivessem paralisado, por questões de segurança, na terça-feira e hoje.
A violência armada em Cabo Delgado, Norte de Moçambique, está a provocar uma crise humanitária com cerca de duas mil mortes e 560 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.
Face a esta situação, os trabalhadores do mega-projecto de gás natural em Cabo Delgado foram aconselhados ontem a ficar em casa.
Já noutras ocasiões, nos últimos três anos, as obras daquele que é o maior investimento privado em curso em África - a rondar os 20 mil milhões de euros - têm sido suspensas temporariamente devido a ataques nas proximidades. A 24 de Agosto, a Total anunciou uma revisão do memorando de entendimento com o Governo moçambicano para a operacionalização de uma força conjunta para protecção do projecto.