Mais de cinco toneladas de cimento sem mercado
Angola, com cinco fábricas em operação e uma produção de 8,5 milhões de toneladas por ano, tem um excedente de mais de cinco milhões de toneladas de cimento, anunciou, ontem, em Luanda, o presidente da Associação das Indústrias e Cimenteiras de Angola (AICA), Paul Ang.
Num encontro com o ministro da Indústria e Comércio, Victor Fernandes, o líder da AICA declarou que o mercado nacional absorve apenas 2,5 milhões de toneladas por ano, pouco mais de 29 por cento da oferta, com o que os dois responsáveis concordaram na necessidade de acções institucionais para apoiar a exportação do excedente da produção angolana de cimento.
Paul Ang apontou a República do Congo e São Tomé e Príncipe como os mercados de exportação do excedente, atribuído a uma queda da procura interna causada pelo arrefecimento do mercado da construção civil e obras públicas do país, mas, também, ao recurso ao cimento importado por alguns construtores implantados no país.
Neste preciso momento, um investidor pretende comprar 30 mil toneladas de cimento no mercado externo, denunciou o presidente da AICA, instando o Ministério da Indústria e Comércio a intervir para “regular este procedimento”.
Propôs, no encontro, que Angola deixe de importar betume para a construção de estradas, substituindo-o pelo cimento, que é de maior durabilidade e resulta na valorização da produção nacional.
Num segundo momento, as exportações requerem a imposição de taxas de importação e a remoção das relativas à exportação, algo que o ministro da Indústria e Comércio concordou em abordar com as outras instituições do Estado envolvidas na cadeia do comércio externo.
Paul Ang atribuiu a subida dos preços à progressiva depreciação da moeda nacional ao longo dos dois últimos anos, afirmando que, ao contrário, se convertidos em dólares, os preços revelam uma descida pela metade.