França e Mali prometem esforço contra o terrorismo
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Francesas, general do Exército, François Lecointre, foi recebido, sextafeira, em audiência, em Bamako, pelo Presidente do Conselho de Transição do Mali, Bah N'Daw, noticiou a Panapress, citando fonte oficial.
De acordo com a Panapress, o general Lecointre, que se encontra no Mali como parte de uma missão de inspecção das medidas antiterroristas, no Sahel, visitou primeiro Gao e Hombori, no Norte do Mali, onde pôde ver “como os seus homens fazem o trabalho e como cooperam com as Forças Armadas Malianas”.
Com o Presidente Bah N'Daw, o oficial francês discutiu as perspectivas em particular de cooperação entre os dois países. “Uma operação tem de evoluir constantemente e estamos a poucas semanas do primeiro aniversário da Cimeira de Pau”, lembrou o chefe militar francês.
A avaliação da operação Barkhane, no final de um ano, as evoluções subsequentes do compromisso francês e internacional no Sahel são questões que estiveram no centro da discussão do Chefe de Estado maliano com o seu interlocutor.
Segundo o general francês, “há desenvolvimentos a serem feitos e, se quisermos construir algo sustentável, devemos não só estar interessados pela formação, mas por tudo o que constitui a base do funcionamento de um Exército”.
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas francesas diz saber que “as expectativas dos malianos são elevadas, porque se encontram num momento de particular urgência, tanto política como militar. E eles precisam de ajuda para enfrentar estes desafios”.
O general Lecointre afirmou que teve “diálogos particularmente francos e claros” com o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Mali, com o Presidente, com o vicePresidente e com o ministro da Defesa, designados para estes cargos desde o golpe militar de Agosto, que afastou o então Presidente, Ibrahim Boubacar Keita.
A visita de Lecointre seguese à dos ministros dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, e das Forças Armadas, Florence Parly, num momento em que Paris avalia o seu envolvimento no Sahel.
A Cimeira de Pau, realizada em Janeiro de 2020, decidiu aumentar em 600 o número de efectivos na missão francesa, que agora totaliza cerca de 5.100 operacionais.
Em Novembro, o Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que teria “nos próximos meses, decisões a tomar a fim de desenvolver a Barkhane”. A instabilidade que afecta o Mali começou com o golpe de
Estado em 2012, quando vários grupos rebeldes e organizações fundamentalistas tomaram o poder do Norte do país durante 10 meses.
Os fundamentalistas foram expulsos em 2013 graças a uma intervenção militar internacional liderada pela França, mas extensas áreas do país, sobretudo no Norte e no Centro, escapam ao controlo estatal e são, na prática, geridas por grupos rebeldes armados.
Consequências do terrorismo
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 4 mil pessoas foram mortas em ataques terroristas em 2019 no Mali, Burkina Faso e Níger, tendo o número de pessoas deslocadas aumentado 10 vezes, ficando próximo de um milhão.
Independente desde 1960, o Mali viveu, em 18 de Agosto, o quarto golpe militar na sua História, depois dos episódios ocorridos em 1968, 1991 e em 2012.
A força militar francesa Barkhane tem vindo a realizar várias patrulhas e acções de perseguição nos arredores de Gao, Menaka, Gossi e Timbuktu, no Norte do Mali, anunciou, ontem, a Agência Maliana de Notícias (AMAP).
Citando um comunicado de imprensa da Barkane, a AMAP indicou que, nas localidades de Gossi e Timbuktu, a mesma estrutura realizou patrulhas conjuntas com as Forças Armadas do Mali (FAMAs).
Para assinalar a sua presença, de maneira permanente, no terreno, uma unidade da Barkhane comprometeu-se a realizar, até a 23 de Novembro, na zona sul de Ansongo, operações de busca e perseguição nas rotas logísticas de grupos terroristas armados, acrescentou o comunicado.
Paralelamente, em Gao, foi encerrada, oficialmente, com a Task Force Takuba, a preparação operacional da Unidade de Reconhecimento e Intervenção Leve (URLI) n°4.