Boko Haram reivindica ataque que fez 27 mortos
Autoridades nigerinas falam em “ataque bárbaro” no dia em que decorriam eleições municipais e regionais
O grupo 'jihadista' nigeriano Boko Haram reivindicou, ontem, a autoria do ataque sangrento na região de Diffa, no Sudeste do Níger, perto da Nigéria, que causou 27 mortos, no fim-de-semana.
“Nós, os combatentes da Jama'actu Ahlissunnah lid Da'awati Wal Jihad, sob o comando de Abubakar Shekau, estamos a informar o mundo que somos responsáveis pelo ataque à cidade de Diffa, na República do Níger”, disse um 'jihadista' com o rosto coberto por um turbante camuflado, num vídeo de propaganda enviado no domingo à noite.
“É para vos avisar que à medida que as festividades dos infiéis se aproximam, não haverá paz”, anunciou ele, quando faltam 10 dias para as celebrações do Natal cristão, que são frequentemente mortíferas no Nordeste da Nigéria, o bastião do grupo.
Autoridades locais, citadas pela Reuters, confirmaram o “ataque bárbaro” a Diffa.
“Há oficialmente 27 mortos, alguns feridos e vários desaparecidos neste atentado que é obra do Boko Haram”, disse um funcionário de Toumour, onde se realizou o ataque, no dia em que decorriam eleições municipais e regionais no Níger.
“Algumas vítimas foram mortas ou feridas com balas, outras foram queimadas vivas dentro das cabanas, que ficaram totalmente consumidas pelas chamas de um grande incêndio provocado pelos agressores”, disse a mesma fonte, que referiu ainda que entre 800 a mil casas foram incendiadas, assim como o mercado central e diversos veículos.
“Os agressores, cujo número é estimado em cerca de 70, chegaram a Toumour a pé, depois de atravessarem a nado as águas do Lago Tchad”, segundo o funcionário municipal.
“Eles começaram por atacar a residência do chefe tradicional (da vila), que conseguiu escapar ‘in extremis'”, acrescentou a fonte, falando num ataque “bárbaro”, em que “quase 60 por cento da vila foi destruída”.
Desde 2016, o grupo Boko Haram foi dividido em duas facções: a de Abubakar Shekau, o líder histórico do grupo, e a do Estado Islâmico na África Ocidental (Iswap), filiado na Organização do Estado Islâmico (ISO) - particularmente em torno do Lago Chade.
A filial de Abubakar Shekau reivindicou a responsabilidade pelo assassínio de pelo menos 76 trabalhadores agrícolas no Nordeste da Nigéria no início deste mês, durante as eleições locais.
O Iswap está cada vez mais a dirigir os seus ataques contra alvos militares e organizações humanitárias internacionais.
A violência 'jihadista' já causou 36 mil mortos na Nigéria e mais de dois milhões de pessoas ainda não podem regressar às suas casas.
Além disso, os ataques espalharam-se pelo Chade, Camarões e Níger, países vizinhos na bacia do Lago Chade.