Capitais de províncias vão ter centros de hemodiálise
Unidade hospitalar, ontem inaugurada, foi construída no bairro Benfica, município de Talatona, para atender 420 pacientes por dia
As capitais de províncias vão ter, nos próximos tempos, centros de hemodiálise, o que vai evitar ou reduzir as transferências para localidades distantes ou para o exterior. A promessa foi feita, ontem, em Luanda, pelo Presidente da República, João Lourenço, durante a inauguração do maior centro de hemodiálise do país. O Titular do Poder Executivo anunciou, para o primeiro trimestre do próximo ano, a inauguração de centros de hemodiálise nas províncias de Benguela e Cabinda. Localizado no bairro Benfica, município de Talatona, o centro de hemodiálise de Luanda tem o nome de “Sol” e vai atender 420 pacientes por dia.
O Presidente da República assegurou ontem, em Luanda, a construção de centros de hemodiálise em todas as capitais de províncias do país e anunciou para o primeiro trimestre do próximo ano a inauguração de unidades similares nas províncias de Benguela e Cabinda.
“Vamos, na medida do possível, procurar fazer com que pelo menos cada capital de província tenha um centro de hemodiálise”, afirmou João Lourenço à imprensa, no final da cerimónia de inauguração do maior centro de hemodiálise do país “Sol”, no bairro Benfica, município de Talatona, no qual foram instalados 70 monitores e em três turnos vai atender 420 pacientes/dia.
João Lourenço justificou a construção de centros de diálise em todas as regiões do país com a grande extensão do território e os “grandes transtornos” provocados aos pacientes residentes nas regiões onde não existem esses serviços.
“Quando inaugurámos o centro do Lubango, conversámos com alguns doentes que tiveram, por um tempo, que se mudar para Benguela com a família porque a Huíla não tinha serviços de hemodiálise. Não imaginam a alegria desses pacientes quando foi inaugurado o centro do Lubango”, contou o Chefe de Estado, que assegurou transporte e alimentação gratuita “exclusivamente” para os pacientes do centro.
O Chefe de Estado não divulgou os valores gastos para a construção do centro. “Tinha de vir preparado para falar de números”, afirmou, atribuindo a responsabilidade à ministra da Saúde, para quem nos próximos dias deverá divulgar os montantes financeiros gastos na construção deste e doutros centros de hemodiálise.
João Lourenço disse que apesar das receitas cabimentadas para o sector social, mais concretamente da saúde, estarem longe daquilo que são as necessidades reais, o Executivo “está a fazer bastante”. Acrescentou que “mesmo não sendo as receitas ideais, reconheça-se que o investimento feito na saúde tem sido grande”, lembrando que de forma extraordinária e com dinheiros que não estavam programados foi possível construir, em tempo recorde, os centros de atendimento da Covid-19.
“Perante certas situações, o Estado tem que encontrar formas para solucionar os problemas e foi o que fizemos”, referiu o Chefe de Estado, que disse ter ficado com uma impressão “bastante positiva” do empreendimento social ontem inaugurado, pela qualidade dos serviços, realçando que o mesmo “não fica atrás de nenhum outro do mundo”.
Segundo o Chefe de Estado, o Executivo está a fazer um investimento “muito grande” no sector social, em geral, e muito em particular no sector da saúde, reconhecendo que há dois anos havia muito pouca capacidade de atendimento aos doentes de hemodiálise no país.
Falando ainda das vantagens da instalação de centros em todas as sedes capitais de províncias, o Presidente João Lourenço também contou que conversou ontem com um dos pacientes que recebia tratamento no centro, por sinal o mesmo que encontrou no Moxico, aquando da inauguração do centro de hemodiálise daquela província. “Ele vive em Luanda e a uma determinada altura foi obrigado a percorrer quase meio mundo, fez hemodiálise na África do Sul, Namíbia, Lobito, Luena e agora o encontro em Luanda, onde, finalmente, vai passar a fazer os seus tratamentos”.
“O Executivo vai continuar a trabalhar no sentido dos angolanos não terem mais necessidade de viajar para o estrangeiro em junta médica”, garantiu o Chefe de Estado, salientando que o dinheiro que o Estado gasta custeando juntas médicas no exterior deve ser investido na construção de hospitais e outros equipamentos sociais em prol do bem estar dos cidadãos. “Estamos a executar esta política de forma lenta, mas segura”, assegurou.
Ministra da Saúde
Até ao presente mês, cerca de 1.500 pacientes fazem tratamento de diálise nos vários centros de hemodiálise espalhados pelo país, informou, ontem, em Luanda, a ministra da Saúde.
Sílvia Lutucuta, que falava na apresentação técnica do Centro de Hemodiálise “Sol” ao Presidente da República, informou que está a ser implementado um programa para a construção de centros públicos e regionais baseados na eficiência técnica e na melhoria contínua da qualidade dos cuidados de saúde.
A ministra lembrou que o primeiro centro inaugurado no país foi no Hospital Pediátrico de Luanda, com capacidade de atendimento de 56 doentes, o segundo na Huíla (para 192 doentes), o terceiro no Moxico (56 doentes), o quarto no Hospital Geral de Luanda (272 doentes), e o quinto do Bié (96 pacientes).
Para o início do próximo ano, acrescentou, serão inaugurados os centros de Cabinda e Benguela, salientando que está a ser estudada a instalação do centro de hemodiálise do Uíge, para prestar cuidados aos pacientes da região norte.
Ao considerar a insuficiência renal como um problema de saúde pública com impacto significativo na sociedade angolana, a ministra aconselhou a melhoria da prestação de cuidados de saúde multidisciplinares aos doentes, cooperação entre sectores, e melhoria da comunicação entre doentes e prestadores de serviços de saúde.
Apontou a hipertensão arterial, diabetes e a malária como primeiras causas da doença renal crónica, e factores de risco relevantes os erros alimentares, obesidade, sedentarismo, consumo de tabaco e álcool.
Aos cidadãos, a ministra recomenda a prática regular de exercícios físicos, e manutenção de dietas saudáveis ricas em frutas e vegetais, com conteúdos baixos em gorduras. Segundo a ministra, a inauguração do Centro de Hemodiálise Sol permitirá o reforço do Serviço Nacional de Saúde, salientando que a curto prazo o mesmo deve funcionar com mais um turno, que permitirá o atendimento de 560 doentes por dia.