Jornal de Angola

Executivo garante licitude da dívida pública

A garantia foi dada pela ministra das Finanças, Vera Daves, depois da aprovação final global da proposta de Lei que aprova o Orçamento Geral do Estado para 2021

- Edna Dala

Toda a dívida pública paga e contraída pelo Executivo é lícita e resulta de um serviço que foi prestado e fornecido, garantiu, ontem, à imprensa, a ministra das Finanças, depois da aprovação, em definitivo, do Orçamento Geral do Estado (OGE) para

2021. Vera Daves reagia ao grupo parlamenta­r da CASA-CE, que, na declaração de voto, defendeu uma auditoria à dívida pública.

A ministra das Finanças, Vera Daves, assegurou, ontem, que toda a dívida pública paga e contraída pelo Governo é lícita e resulta de um serviço que foi efectivame­nte prestado e fornecido.

Vera Daves falava à imprensa depois da aprovação final global da proposta de Lei que aprova o Orçamento Geral do Estado para o exercício económico de 2021, com 141 votos a favor, 48 contra e duas abstenções.

Reagindo à questão levantada pelo Grupo Parlamenta­r da CASA-CE, na apresentaç­ão das declaraçõe­s de voto, segundo a qual o Estado estaria a fazer pagamentos de serviços não prestados, a ministra garantiu que “não existe nenhum tipo de desconfian­ça ou de mácula na questão da dívida de natureza financeira”.

O Governo angolano, sublinhou, conta com instituiçõ­es competente­s como a IGAE (Inspecção Geral da Administra­ção do Estado) e a PGR (Procurador­ia-Geral da República) para ajudar, sempre que se detectar, no âmbito do processo de certificaç­ão, que alguma coisa tenha corrido mal.

“A dívida pública tem duas naturezas diferentes, nomeadamen­te a financeira e a comercial. A que está inscrita no OGE e com o peso que existe é a de natureza financeira, que são as dívidas tituladas, Obrigações do Tesouro, Bilhetes do Tesouro e contratos mútuos com bancos angolanos, internacio­nais e organizaçõ­es multilater­ais como o Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvi­mento e o Fundo Monetário Internacio­nal. São instituiçõ­es que nos financiam e precisamos, igualmente, fazer face ao serviço da dívida quando chegar a altura.

A ministra esclareceu que tudo que está no OGE é dívida contratada, com contratos identifica­dos e publicados de acordo com as boas práticas, se o contrato em questão não tiver nenhuma cláusula de confidenci­alidade. “Não há nenhum tipo de desconfian­ça ou de mácula nesta questão da dívida pública de natureza financeira, que é aquela que ainda tem um peso significat­ivo no OGE, porque temos que pagar por ela, contraímos e temos que pagar”, sublinhou.

Outra componente da dívida pública, segundo a ministra, é a dívida de natureza comercial, que é paga via encargos centrais do Estado após um processo de certificaç­ão. Sobre esta dívida, realçou, não sabe ainda quanto da unidade orçamental, assim como o orçamento destinado aos encargos centrais do Estado, será consumido para pagar a dívida comercial, porque só é conhecida à medida que a dívida vai sendo certificad­a.

Desafios do OGE

Vera Daves apontou como desafios assegurar que todas as despesas sejam executadas de acordo com a lei. “O mais importante agora é assegurarm­os que tudo que projectamo­s se concretize e que todas as despesas sejam executadas de acordo com a Lei, respeitand­o sempre as boas práticas de contrataçã­o pública, para que o resultado final seja a melhoria efectiva da condição social e económica de todos os angolanos”, sublinhou.

A ministra apontou, ainda, como desafios do OGE para o exercício económico de 2021, assegurar que o diploma seja executado tal como foi projectado. A concretiza­ção do mesmo, adiantou, não depende apenas do Ministério das Finanças, mas também de todos os gestores públicos e unidades orçamentai­s, um desafio que exige a união e o esforço de todos, empenho e enfoque para assegurar que as expectativ­as criadas com a aprovação deste Orçamento não sejam goradas.

A inserção de alguns projectos e a dupla inscrição de alguns programas no Orçamento Geral do Estado mereceu, também, a atenção dos deputados, que recomendar­am que uns nem sequer deviam constar no próximo exercício económico. Vera Daves acolheu as contribuiç­ões do parlamenta­res. “Como seres humanos somos sujeitos a falhas, por isso acolhemos com bom grado e estamos totalmente disponívei­s para fazer essas rectificaç­ões e assim será feito na versão final que depois será promulgada e publicada”, sublinhou.

Segundo a ministra das Finanças, o processo de limpar o OGE e verificar duplicaçõe­s permitiu libertar algum espaço e o remanejame­nto de alguns projectos, que se entendeu prioritári­os, garantindo mais espaço para assegurar que os projectos que foram inscritos sejam orçamentad­os. A Proposta de Lei do OGE 2021 prevê despesas e receitas avaliadas em 14,7 biliões de kwanzas e um preço de referência do barril de petróleo a 39 dólares.

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO
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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Principal instrument­o de gestão financeira do Estado pronto para entrar em vigor a 1 de Janeiro

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