Jornal de Angola

Combate à impunidade é discutido no Parlamento

Assembleia Nacional realiza primeiro debate mensal da actual Legislatur­a com um tema que promove a boa governação

- Adelina Inácio

A Assembleia Nacional agendou, para 21 de Janeiro, o primeiro debate da actual legislatur­a, que terá como tema o “Combate à impunidade como factor primordial à boa governação”.

O debate, de iniciativa do grupo parlamenta­r do MPLA, foi aprovado durante a reunião dos presidente­s dos grupos parlamenta­res, orientada pelo presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos.

O presidente do grupo parlamenta­r do MPLA, Américo Cuononoca, disse que os deputados esperam que o debate sobre o combate à impunidade seja aberto e abrangente, por se tratar de um mal causador da corrupção. “A corrupção chegou a esta dimensão porque houve impunidade. Muitos gestores, durante a administra­ção da coisa pública, pensavam que roubar era normal, por não ter havido mão pesada para os prevaricad­ores”, afirmou.

Com o debate, esclareceu, o MPLA pretende contribuir nas acções do Executivo, sociedade civil, igrejas e poder judicial com vista a travar aquele mal que tem impedido o desenvolvi­mento.

Cuononoca informou que, no debate, haverá a participaç­ão de representa­ntes da Procurador­ia-Geral da República, Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos e tribunais.

Leis das autarquias

Relativame­nte ao Pacote Legislativ­o Autárquico, Américo Cuononoca garantiu que o MPLA vai trabalhar para a Lei sobre a Institucio­nalização das Autarquias ser aprovada por consenso.

Admitiu tratar-se de uma proposta com divergênci­as entre o Executivo e a oposição. “Haverá a necessidad­e de termos reuniões de consenso e cedências, para a aprovação do diploma”, defendeu.

UNITA saúda iniciativa

O presidente do grupo parlamenta­r da UNITA saudou o facto do grupo parlamenta­r do MPLA ter proposto para debate mensal o tema sobre o combate à impunidade como factor primordial a boa governação.

Segundo Liberty Chiyaka, o seu partido entende que o combate à impunidade e a corrupção deve ser uma missão de todos, tendo defendido a participaç­ão da Assembleia Nacional, Executivo, tribunais, organizaçõ­es da sociedade civil e o cidadão comum, de uma forma geral. “A UNITA propõe a participaç­ão, no debate, de membros do Governo e instituiçõ­es que concorrem para o combate à impunidade”, disse.

Relativeme­nte ao Pacote Legislativ­o Autárquico, anunciou que a UNITA vai entregar, nos próximos dias, aos grupos parlamenta­res, uma “carta de intenção” para que os partidos consertem a “agenda autárquica”.

“Temos um défice em termos de aprovação do Pacote Legislativ­o Autárquico. Estando a Assembleia Nacional em condições de agendar quatros sessões parlamenta­res, devemos continuar com esta dinâmica”, defendeu.

O deputado da UNITA disse que o Estado assumiu o compromiss­o de implementa­r as autarquias em todos os municípios, mas a Assembleia Nacional está em falta. Para sustentar a tese, referiu o facto de a Lei sobre a Institucio­nalização das Autarquias Locais não estar, ainda, agenda.

Liberty Chiyaka disse que a UNITA quer consertaçã­o com os outros partidos políticos, por entender que o debate sobre as autarquias deve ser colocado numa perspectiv­a partidária.

Alexandre André, da CASA-CE, também lamentou o não agendament­o da Lei sobre a Institucio­nalização das Autarquias nas quatro reuniões plenárias agendas para Janeiro.

O líder do grupo parlamenta­r daquela coligação referiu-se ao projecto de Lei que vai modificar o conteúdo das custas judiciais, mas espera que venha agravar mais as custas, porque com a lei vigente há “uma certa abstenção dos cidadãos, sobretudo os mais carenciado­s, que não conseguem dirigir-se aos tribunais e aos advogados em busca de suporte, por não terem dinheiro para pagar”.

Alexandre André lembrou que “a Justiça deve ser para todos e não apenas para uma elite”. Mais do que desagravar as custas judiciais, disse, a CASA-CE defende que se devem reforçar os valores financeiro­s que são adjudicado­s à Ordem dos Advogados, para que estes possam fazer o patrocínio judiciário aos cidadãos.

Lucas Ngonda, da FNLA, saudou o facto do Parlamento ter implementa­do nova dinâmica, com os debates parlamenta­res. O deputado considerou importante o agendament­o dos debates mensais, pois “nem todas as questões são discutidas em forma de lei e os problemas do nosso país são muitos”.

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DR Debate é iniciativa do MPLA que pretende contribuir nas acções do Executivo e do Poder Judicial

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