“Quadro clínico não tinha qualquer relação com Covid-19”
O director do Hospital Geral David Bernardino “Kamanga”, Wilson Palanca, disse que os dois irmãos deram entrada com crise hipertensiva associada às diabetes, tendo apresentado insuficiência respiratória depois de terem sido transferidos para a Unidade dos
O quadro clínico inicial dos dois irmãos que morreram, supostamente vítimas de Covid-19, na Lunda-Norte, não apresentou qualquer relação com sintomas da pandemia quando foram assistidos no Hospital Geral David Bernardino “Kamanga”, disse ontem, no Dundo, o director daquela unidade sanitária, Wilson Palanca.
Familiares de Eduardo Fupa, de 47 anos de idade, e José Tau, 45, acusam a equipa médica do hospital de negligência, por não os terem submetido ao teste de Covid-19.
Wilson Palanca, que desdramatizou a polémica levantada pela família das vítimas, pelo facto dos pacientes não terem sido submetidos ao teste de Covid-19, assegurou que os malogrados deram entrada no Hospital Geral David Bernardino “Kamanga” com um quadro clínico atípico.
De acordo com o médico, embora os dois irmãos tenham sido assistidos em dias diferentes, eles deram entrada com crise hipertensiva associada às diabetes, tendo apresentado insuficiência respiratória depois de terem sido transferidos para a Unidade dos Cuidados Intensivos (UCI).
“São pacientes que entraram com quadros clínicos atípicos, sem qualquer suspeita de Covid-19”, afirmou, assegurando que os médicos em serviço cumpriram com os procedimentos exigidos.
O director do Hospital Geral David Bernardino “Kamanga” afirmou que, além das diabetes, os malogrados padeciam de hipertensão arterial muito avançada. “Por não terem, inicialmente, apresentado quaisquer sintomas relacionados com a Covid-19, o corpo clínico, composto por quatro médicos, trataram os pacientes de acordo com os diagnósticos preliminares, concretamente, diabetes complicadas associadas à cardiopatia”, justificou.
Wilson Palanca garantiu que, durante a assistência médica, os pacientes não apresentaram histórico de tosse, falta de olfacto ou dores na garganta, que são os principais sintomas da Covid-19, facto que levou os médicos a descartarem a testagem dos mesmos.
“O primeiro paciente, no caso Eduardo Fupa, foi assistido desde o momento que chegou ao Hospital. Quando foi transferido para a Unidade dos Cuidados Intensivos, detectou-ser que as cifras de glicémia não baixavam”, explicou.
Os testes de Covid-19, segundo Wilson Palanca, foram apenas feitos depois do falecimento dos dois irmãos, por iniciativa do Gabinete Provincial da Saúde, facto que surpreendeu a equipa médica em serviço na altura.
Sobre a primeira vítima, Wilson Palanca revelou que, depois da preparação do cadáver, os familiares acompanharam a transladação para a morgue, mas nessa altura ainda não tinha sido efectuado o teste pós-morte da Covid-19.
Wilson Palanca assegurou que todos os pacientes que chegam ao Hospital Geral David Bernardino “Kamanga”, e que apresentem sintomas de Covid-19, são testados. A unidade sanitária tem destacado um técnico que faz a colheita das amostras para enviar ao Laboratório de Biologia Molecular local.
O responsável disse que, a título de exemplo, estão nesse momento internados, naquela unidade sanitária, três pacientes, nomeadamente, o director-geral do Hospital de Campanha da Lunda-Norte e duas empresárias por terem apresentado sintomas da Covid-19.
Wilson Palanca informou, que toda equipa médica que prestou assistência às vítimas, vai ser testada, tendo sido já feitas a colheita de amostras. As áreas do Hospital Geral David Bernardino “Kamanga”, em que estiveram as duas vítimas, estão isoladas, com o objectivo de reduzir os riscos de contaminação.