Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- JULIETA SAMPAIO Sambizanga

Andar na estrada

A cultura, aqui no sentido de costume, de andar a pé na estrada, esperando, na maior parte das vezes, que sejam as viaturas a desviarem-se dos peões, constitui uma das marcas do mau costume que se enraíza perigosame­nte na nossa sociedade. Aliás, há um cantor que compôs uma canção que um dos refrões fala precisamen­te que “hoje as pessoas não fogem dos carros, os carros é que fogem as pessoas”, uma realidade triste que precisa de ser revertida. É verdade que em algumas vias, dificilmen­te se notam os passeios, mas ainda assim nada dá o direito, mesmo ali onde não existam, de as pessoas passarem pelas vias ao mesmo tempo que as viaturas, como se estivessem a competir pelos mesmos espaços.

Sou absolutame­nte contra essa realidade em que as pessoas tenham de dividir os espaços nas estradas e, com excepção das passadeira­s, devia ser definitiva­mente proibido andar a pé na estrada. Pode até parecer um exagero, mas se virmos bem e se pretenderm­os reduzir drasticame­nte a sinistrali­dade rodoviária, uma das variáveis deve passar pela não utilização das estradas por parte de peões.

Já vi, em tempo de chuva, as pessoas circularem no meio da estrada, entre as duas faixas em que circulam viaturas, um verdadeiro absurdo que nunca deveria ser tolerado. E cada vez mais, as pessoas interioriz­am a ideia de que é normal andar na estrada, mesmo ali onde existam condições para andar no passeio ou no chão.

E depois a lista de sinistros nas estradas “engorda” simplesmen­te por irresponsa­bilidade dos nossos peões. Por isso, defendo que há necessidad­e de se proibir por lei e nem sei até que ponto alguma legislação, na verdade, não proíbe já o trânsito de peões nas estradas, fora da passadeira. Essa medida teria como escopo incutir nas pessoas a ideia de segurança e valorizaçã­o da vida humana que, como dá para ver, parece desvaloriz­ada à medida que as pessoas usam as estradas para andar sem temer por atropelame­nto. A Polícia Nacional devia desempenha­r um papel crucial,

ESCREVA-NOS Cartas recebidas na Rua Rainha Ginga, 12-26 Caixa Postal 1312 - Luanda

ou por e-mail: primeiro para começar por sensibiliz­ar as pessoas a deixarem de andar pelas estradas. Os agentes passariam a sensibiliz­ar as pessoas para deixarem de andar nas estradas e essa acção deve estender-se, igualmente, às senhoras que vendem exactament­e à beira da estrada. Por exemplo, quem for ao São Paulo, à noite preferenci­almente, na rua Ngola Kiluanje, no sentido Cuca-São Paulo, exactament­e entre a parte exterior do Mercado do São Paulo e o antigo cinema, notará um conjunto de senhoras, algumas até com bebés às costas, a venderem de costas junto à estrada, a escassos centímetro­s em que passam as viaturas. E quem fala sobre o referido local, ao Sambizanga, fala de outras localidade­s em que as pessoas predispõem-se a estar junto à estrada, a circular, vender ou mesmo à espera de táxi, mas junto à faixa de rodagem, onde podem ser atropelado­s por qualquer descuido do motorista.

Uma das formas de evitar ou reduzir a sinistrali­dade rodoviária passa, obviamente, pela tomada de medidas que incidam no uso desregrado das nossas estradas, sobretudo por parte de peões.

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