2,3 milhões de crianças sem ajuda humanitária
Unicef precisa de medicamentos, alimentos e outros bens essenciais para acudir os necessitados
Desde o conflito na fronteira entre o Sudão e a Etiópia, em Novembro, entre as forças governamentais e a Frente de Libertação do Povo Tigray, que mais de dois milhões de crianças não recebem ajuda humanitária na região de Tigray, na Etiópia, diz a ONU.
Apesar das promessas feitas pelo Governo, no início deste mês, de permitir a circulação de organizações humanitárias, a verdade é que ainda há milhões de crianças sem receber qualquer ajuda.
Segundo a UNICEF, estas crianças precisam de receber ajuda humanitária básica, desde tratamentos para a desnutrição, vacinas e medicamentos.”Estamos extremamente preocupados com o facto de quanto maior for o atraso no acesso a elas, pior será a sua situação à medida que o fornecimento de alimentos, incluindo terapêuticos prontos a usar para o tratamento de desnutrição infantil, medicamentos, água, combustível e outros bens essenciais forem escasseando”, afirmou Henrietta Fore, directora executiva da UNICEF, à CNN.
O acordo, de 2 de Dezembro, estipula o “acesso desimpedido, sustentado e seguro” aos trabalhadores humanitários em áreas que agora estão sob o controlo do Governo. Na passada sexta-feira, as Nações Unidas viram-se forçadas a pedir novamente autorização para chegar às pessoas necessitadas. Posteriormente, da necessidade de ajudar urgentemente estas famílias, a UNICEF pediu ao Governo etíope a livre circulação de civis que pretendem procurar outros locais mais seguros. “Proteger estas crianças, muitas das quais refugiadas e deslocadas internamente, e fornecer-lhes ajuda humanitária deve ser prioridade”, acrescentou Fore.
Na visita à capital de Tigray, Mekelle, no domingo, o Primeiro-Ministro Abiy Ahmed revelou no Twitter que as telecomunicações e a electricidade a ser restauradas, as infra-estruturas em obras e as ajudas humanitárias asseguradas.
O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) revelou que mais de 50 mil refugiados etíopes tinham chegado aos ao Sudão, dos quais metade crianças. Relembrou, também, ser preciso de apoio para prevenir surtos de Covid-19 entre os refugiados que vivem em espaços sobrelotados. “São bem-vindos kits de protecção individual, mais zonas para lavagem das mãos e campanhas de informação”, referiu.
A situação em que a Etiópia se encontra é preocupante, “mais de um mês desde o início da crise... assistimos a uma escassez de alimentos, falta de acesso a serviços de banho, mas, também Mekelle, por exemplo, tem tido dificuldades com serviços básicos, como abastecimento de água”, assumiu Patrick Youssef, director regional do Comité Internacional da Cruz Vermelha.