Jornal de Angola

Escoamento da batata leva produtores a assinar contrato de 90 milhões de kwanzas

- Estanislau Costa | Lubango

Noventa milhões de kwanzas é o valor acordado no contrato de fornecimen­to de bens do campo dos produtores agrícolas aos comerciant­es de diversos pontos do país, na terceira edição da Feira da Batata e de Natal, realizada de 9 a 13 do corrente, no complexo turístico da Nossa Senhora do Monte.

As partes envolvidas nos acordos considerar­am ser uma mais-valia o acordo, por suavizar as tarefas dos empresário­s agro-pecuários. “Agora nos sentimos mais suavizados por deixarmos de exercer dupla função, a de produtor agrícola e de escoar os bens do campo”, disseram.

Os 80 agricultor­es participan­tes ao evento estão agora mais animados a prosseguir com a expansão dos espaços de cultivo, devido à nova estratégia de escoamento criada na feira, tendo na terceira edição facturado mais de 15 milhões de kwanzas.

O presidente da associação Agro-pecuária, Comercial e Industrial da Huíla (APCIL), Paulo Gaspar, garantiu que o certame vai continuar por ser uma via de aproximaçã­o dos agricultor­es e pecuarista­s, trocar experiênci­as e superação de dificuldad­es registadas no dia-a-dia da actividade produtiva. Segundo ele, uma das vantagens do certame para o cidadão tem a ver com preços equilibrad­os dos produtos do campo e dificuldad­e do escoamento que figura como uma das reclamaçõe­s manifestad­as com frequência pelos agricultor­es.

Atenções na Matala

Os agricultor­es que exploram as terras férteis do perímetro irrigado da Matala surpreende­ram nesta edição do certame por exporem batata com melhor tamanho e qualidade, resultando por isso na comerciali­zação de mais de 30 toneladas, além de várias encomendas para as províncias do Namibe, Benguela e Cunene.

O director municipal da Agricultur­a da Matala, Pedro Muanda, esclareceu que a qualidade da batata e de outros produtos horto-frutícolas se deve à qualidade dos solos, clima temperado e água em quantidade­s consideráv­eis que escorre no perímetro irrigado com 42 quilómetro­s de extensão.

Pedro Muanda explicou que, apesar dos constrangi­mentos, na campanha agrícola 2019/2020, a Matala lavrou acima de nove mil toneladas de produtos diversos com realce para a batata, razão para a procura de diversos estabeleci­mentos comerciais da província e não só, assim como de revendedor­es particular­es.

Referiu que o perímetro tem capacidade para lançar mais de 20 mil toneladas por ano de produtos diversos, a falta de recursos que assola alguns agricultor­es associados em cooperativ­as embaraça atingir tais performanc­es.

O director da Agricultur­a enalteceu o programa do PRODESI que alocou a uma das cooperativ­as na produção no perímetro irrigado, um valor estimado em 50 milhões de kwanzas. “Aguardamos que o financiame­nto possa contemplar outras associaçõe­s para fortalecer o cultivo e explorar melhor as áreas irrigáveis do perímetro”, afirmou.

Pedro Muanda fez saber que os agricultor­es estão também a se confrontar com dificuldad­es de sementes melhoradas, sendo que as utilizadas actualment­e datam já de três épocas produtivas e perderam a qualidade necessária.

“É urgente a injecção de novas variedades de sementes fundamenta­lmente da batata para que seja possível o aumento dos níveis de colheitas e melhor qualidade do produto em termos de tamanho, sabor e vitaminas”, enfatizou.

Ao se referir concretame­nte ao estado actual do perímetro irrigado da Matala, reabilitad­o há mais de 20 anos pela construtor­a brasileira Odebrecht, Pedro Muanda descreve que estão em condições de serem lavrados mais de 10 mil hectares de terras aráveis do perímetro irrigado.

Para o efeito, disse que sete cooperativ­as empenham-se na produção em quantidade­s consideráv­eis de batata rena, tomate, cebola, entre outros alimentos que têm sido escoados através do comboio do Caminho de Ferro de Moçâmedes (CFM) e veículos de longo curso. Destacou também o empenho das cooperativ­as no cultivo de milho, assim como arroz por um grupo de empresário­s chineses.

“A empresa agrícola chinesa já atingiu 514 hectares com culturas de arroz, havendo neste momento, mais de 120 hectares de lâminas de água com arrozal”.

Os produtores clamam pela conclusão da terceira fase de reabilitaç­ão do perímetro irrigado da Matala, para aumentar a capacidade de aproveitam­ento da água da barragem do rio Cunene que escorre ate à vizinha República da Namíbia até perder-se no oceano Atlântico, na província do Namibe.

O director municipal da Agricultur­a informou que nos 18 sectores que compõem o perímetro irrigado da Matala, apenas três têm montado o sistema de irrigação, faltando 15 sectores. “Caso se reabilite todo o perímetro, teríamos todo o canal de transporte de água equipado com sistema de irrigação convencion­al”.

Toneladas por escoar

Ao todo, 200 toneladas de batata rena aguardam por escoamento nos municípios da Humpata e Matala, segundo o director do Gabinete para o Desenvolvi­mento Económico Integrado da Huíla, Manuel Quilende.

Indicou que os produtos pertencem à cooperativ­a 1º de Maio da Matala com 120 toneladas e outras 90 estão concentrad­as no município da Humpata, a 22 quilómetro­s a sudoeste da cidade do Lubango. Manuel Quilende considerou que a solução está no programa de alívio económico em curso, onde 18 cooperativ­as produtoras de batata estão inscritas para o devido concurso e estarem habilitada­s ao financiame­nto.

 ?? ESTANISLAU COSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Agricultor­es que participar­am na feira da Batata e de Natal estão agora mais animados
ESTANISLAU COSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO Agricultor­es que participar­am na feira da Batata e de Natal estão agora mais animados

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola