Valor das importações com queda acentuada
Aquisição de alimentos cai de 1,3 mil milhões de dólares para 980 milhões
O valor da importação de alimentos caiu para 980 milhões de dólares no primeiro semestre do ano em curso, uma poupança de cambiais de 300 milhões diante dos 1,3 mil milhões de dólares empregues pelo país em aquisições no estrangeiro no primeiro semestre de 2019, de acordo com dados avançados ontem, em Luanda, pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica.
Manuel Nunes Júnior, que falava na abertura do 1º Conselho Consultivo Alargado do Ministério da Indústria e Comércio, atribuiu a poupança de cambiais às políticas de reforma e outras medidas que o Executivo está a levar a cabo para impulsionar a economia e tornar o ambiente de negócios mais atractivo para o investimento.
O ministro enunciou medidas de natureza orçamental e fiscal que permitiram o país sair de défices sucessivos desde 2016, para saldos fiscais positivos nos anos de 2018 e 2019, e outras, de estabilização do mercado cambial em curso desde 2018 e com mais intensidade a partir do último trimestre de 2019.
Manuel Nunes Júnior considerou que, caso não acontecesse o processo de depreciação da taxa de câmbio, as autoridades monetárias teriam de estar em condições de pôr à disposição do público, recursos cambiais com base numa taxa de câmbio administrativa, o que não é exequível nas condições actuais, pois voltar-se-ia ao cenário de monopólio no acesso às divisas, especulação e a uma acentuada segmentação do mercado.
Manuel Nunes Júnior considerou que a gestão do mercado cambial com base em taxas de câmbio administradas foi o percurso que seguido até ao ano de 2017, quando estava a levar o país à total exaustão das Reservas Internacionais Líquidas
Para ilustrar a situação, o ministro indicou que as Reservas
Internacionais Líquidas caíram em cerca de 14 mil milhões de dólares no período de 2015 a 2017, ao passo que de 2018 a 2020, retrocederam em apenas seis mil milhões de dólares.
Crédito ao comércio
O 1º Conselho Consultivo Alargado do Ministério da Indústria e Comércio, que decorre até hoje, sob o lema “Os desafios da industrialização para o aumento da produção nacional e desenvolvimento do comércio rural”, é realizado para encontrar soluções para dinamizar o sector.
O director nacional para o Desenvolvimento do Comércio Rural, Joaquim Pipa, anunciou à imprensa que um dos pontos a decidir prende-se com a possibilidade de aumentar o apoio concedido às trocas, um domínio que leva os operadores privados a insistirem na obtenção de crédito institucional, à imagem do que acontece com o sector produtivo.
Antes, o ministro de Estado lembrou que já foram aprovados mais de 500 pedidos de financiamento ao abrigo do Programa de Apoio ao Crédito (PAC), o braço financeiro do PRODESI, destacando o financiamento de mais de 300 cooperativas da agricultura, pecuária e pescas, com um valor global de mais de 140 mil milhões de kwanzas.
Apesar dos incentivos que o sector privado tem recebido para dinamizar a produção, o apoio pode ser alargado aos operadores do comércio rural, sobretudo, em termos de transporte, para elevar os níveis de escoamento da produção, prometeu Joaquim Pipa.
Durante dois dias, especialistas de diversas áreas, empresários e quadros do pelouro discutem temas como “A produção industrial - oportunidades e desafios”, “Escoamento da produção agrícola e a cadeia de valor” e o “Papel das micro, pequenas e médias indústrias no apoio ao desenvolvimento do comércio rural”.