Detidos passam a comunicar através de videoconferência
A primeira sala de videoconferência num estabelecimento prisional no país é inaugurada, hoje, na cadeia de Viana, em Luanda, com a finalidade de permitir o contacto virtual entre detidos com familiares e advogados, direito restringido, desde Março, por conta da Covid-19.
Com maior população penitenciária (mais de 4800), a comarca de Viana tem já construídas e equipadas quatro “parlatórios virtuais”, com dez computadores, que vão permitir a realização de mais de mil visitas online por dia, sete mil por semana e 21 mil por mês.
“São números extraordinários”, admitiu Wilson Adão, director do Centro de Direitos Humanos e Cidadania da Universidade Católica de Angola (CDHC), que desenvolveu o projecto em parceria com o Serviço Penitenciário e apoio do PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
Ao Jornal de Angola, disse que o “parlatório virtual”, do projecto “Uma Palavra, Um Abraço Virtual”, é uma revolução tecnológica que vai aumentar a concretização de um conjunto de direitos humanos dos reclusos.
O projecto “Uma Palavra, Um Abraço Virtual” visa assegurar a humanização dos reclusos do sistema penitenciário angolano e o respeito pelos seus direitos de contacto com familiares e defensores legais. O parlatório virtual levou dois meses para ser concebido, incluiu o estudo de campo em algumas cadeias do país.
Para Wilson Adão, o custo de cada parlatório virtual varia em função de vários factores, designadamente a localização da cadeia, província, infra-estruturas préexistentes, presença, ou não, de sinal de Internet (cabo, rede móvel ou satélite).
“Cada projecto é um projecto”, avançou, indicando que, em média, cada sala, em Luanda, custa entre 30 e 35 mil dólares, incluindo construção, compra de equipamentos, formação dos agentes penitenciários.
Wilson Adão explicou que fora de Luanda o custo varia de 35 a 60 mil, dependente das infra-estruturas pré-existentes.