Parcerias com o sector empresarial privado
O Chefe de Estado encorajou as forças de Defesa e Segurança a estabelecerem parcerias com o sector empresarial privado, para a produção de uma vasta gama de produtos para o seu consumo.
João Lourenço ressaltou que as Forças de Defesa e Segurança, embora sejam imprescindíveis para a sobrevivência de qualquer Estado, representam sempre uma despesa considerável do Orçamento de qualquer país.
“Se, por um lado, devemos fazer esse exercício de redimensionar as Forças Armadas Angolanas, acautelando, porém, a manutenção da sua capacidade operacional com menos efectivos, melhor preparados e com armamento e técnica mais moderna e eficiente, por outro, somos, também, chamados a encontrar alguma autosuficiência na produção de alimentos, fardas, botas, utensílios de caserna e outros bens logísticos de grande consumo diário pela tropa”, encorajou.
Uma outra preocupação apresentada pelo Presidente da República às chefias militares prende-se com a necessidade de se encontrar alternativa ao financiamento da Caixa de Segurança Social das FAA, da Polícia Nacional e da congénere dos Serviços de Inteligência. João Lourenço disse que esses organismos, que têm a responsabilidade de assegurar uma vida condigna aos reformados das instituições castrenses, vêm sendo, até ao presente, suportadas quase que exclusivamente pelo Orçamento Geral do Estado.
“Sabemos que a condição de reformado nem sempre é bem encarada por todos, porque nem sempre estamos preparados, do ponto de vista psicológico, a enfrentar essa nova realidade que, não sendo uma fatalidade, algum dia acaba por nos bater à porta, mas que o ser humano tem normalmente a tendência de pensar que só atinge os outros”, realçou.
O Presidente João Lourenço chamou à atenção para não se pensar que a dignidade de um homem se resume aos bens materiais e financeiros que a pensão de reforma pode proporcionar. Defendeu, por isso, a necessidade de se estar ocupado em algo socialmente útil, como numa actividade diferente ou, pelo menos, de menor intensidade, relativamente ao tempo que se esteve no activo.
Na reunião, realizada no dia em que o Exercito comemorava mais um ano de existência, o Comandante-em-Chefe das Forças Armadas disse ser necessário pensar-se na possibilidade de se aproveitar a disponibilidade daqueles que manifestem a intenção de dedicar algumas horas, por semana, ao trabalho, para leccionar matérias da sua especialidade na Escola Superior de Guerra, no Instituto Superior Técnico Militar, nas Academias Militares dos Ramos, na Academia da Polícia Nacional e, de uma forma geral, nos diferentes estabelecimentos de ensino militar e policial.
“Mesmo reformados, podemos continuar a transmitir os conhecimentos da nossa especialidade, adquiridos ao longo dos anos e, com isso, substituir gradualmente a cooperação estrangeira e, com ela, reduzir as despesas em divisas, portanto, reduzir a dívida externa do país”, salientou. Neste particular, o Presidente da República disse que gostaria de ver maior contribuição dos reformados das FAA na elaboração da História Militar e organização dos museus, momentos e sítios militares, que "não se podem circunscrever apenas à Fortaleza de Luanda, Kifangondo e Cuito Cuanavale".
“Precisamos, também, de perpetuar a História das batalhas de Ntó, em Cabinda, do Ebo, no Cuanza-Sul, de Cangamba, no Moxico, Cahama, no Cunene, das cidades do Huambo, do CuitoBié, do Luena e de outras não menos importantes, enquanto muitos dos protagonistas destas batalhas estão vivos e em condições de relatar as gloriosas experiências vividas”, defendeu.
Aniversário do Exercíto
Ao pronunciar-se sobre o aniversário do Exército, ontem assinalado, o Comandanteem-Chefe das FAA ressaltou que falar das Forças de Defesa e Segurança é falar do patriotismo e heroísmo daqueles milhares de jovens angolanos que, ao longo de décadas, deram o suor e sangue em defesa da Independência e soberania nacionais.
“O país perdeu alguns dos seus melhores filhos, o sacrifício foi enorme, mas valeu a pena e, talvez por isso, tenham sido os militares que melhor compreenderam o alcance da paz e da reconciliação nacional entre os angolanos”, considerou.
João Lourenço salientou que 18 anos após o fim do conflito armado e de se ter alcançado a paz definitiva para o nosso país, objectivo para o qual as Forças de Defesa e Segurança jogaram um papel preponderante, o grande desafio, hoje, passa, pela criação das premissas para melhor organização da economia nacional, condição fundamental para o desenvolvimento económico e social do país e consequente alcance do bem-estar das populações.
O Presidente da República disse que sem Defesa e Segurança nacionais não há economia e segurança para o investimento privado. Sobre essa matéria, disse que o facto de as maiores potências económicas serem, também, as maiores potências militares justifica a afirmação e aplica-se ao universo de todos os outros países.
“Pretendemos dizer que, embora na agenda das responsabilidades do Estado angolano a economia seja a primeira prioridade, não deixaremos, contudo, de prestar a devida atenção à necessidade de manter as Forças de Defesa e Segurança, com elevada capacidade de resposta a todas as potenciais ameaças internas e externas que possam pôr em perigo a segurança nacional”, garantiu.
João Lourenço disse ser por essa razão que, embora sejam importantes em todas as circunstâncias, incluindo em situação de paz e estabilidade, os seus efectivos devem ser ajustados permanentemente, em função da maior ou menor iminência de conflito.
O Presidente chamou, também, à atenção às altas chefias dos orgãos castrenses para a necessidade de se acompanhar a situação internacional, no que emmatériade Defesae Segurança diz respeito, analisar os velhos e novos conflitos que surgem um pouco por todo o mundo.
Destacou o tráfico de drogas, armas, moema e de seres humanos, branqueamento de capitais, financiamento ao terrorismo e a emigração ilegal.