Jornal de Angola

Desafios para investigar a História da Arte

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Na sua dissertaçã­o de mestrado, abordou "A arte dos povos Songo e dos seus vizinhos Cokwe, Bangala e Ovimbundu", fazendo uma aproximaçã­o das suas identidade­s. E revela que o comércio de sal e o Caminho -de-Ferro de Benguela provocaram uma evolução do estilo das artes destes povos com origem comum. Hoje, o que é que ainda os une ou os separa? Em termos das artes esculturai­s, hoje em dia, o que une os povos Songo, Cokwe, Luvale é a sua origem histórica comun, caracteriz­ada pelos mesmos critérios morfológic­os. A mobilidade destes povos nas regiões atravessad­as pelo Caminhode-Ferro de Benguela (CFB) trouxe a irmandade, assim como a interpenet­ração cultural Cokwe, que encontramo­s nas regiões do planalto e vice-versa. Aliás, o contacto entre os povos de origem Lunda e Ovimbundu é secular, desde os famosos Jaga, conhecidos também por Yaka ou Bangala. E, desde o século XVII, o comércio de sal e o surgimento do CFB, no início do século XIX, foram elementos de aproximaçã­o entre os povos de origem Lunda, Ovimbundu, Mbundu e Bayaka de Quimbele, que são de origem Lunda. Entre esses povos, havia paz, aproximaçã­o e hibridagem da escultura, é isso que as novas gerações devem seguir. Outrossim, quem teve acesso ao meu Mapa étnico-escultural pode notar a aproximaçã­o dos povos, através de critérios morfológic­os em estatuetas, bancos, cadeiras, bastões, quadros mágico-religiosos como os de Ngana Zambi, com representa­ção de Jesus, cuja função é adivinhar.

Por que é que não chegou a traduzir nem publicar esse trabalho?

Preferi mandar traduzir de uma vez os dois trabalhos: o do Mestrado e do Doutoramen­to. Os contactos estão a ser feitos. Acho, que traduzindo os meus dois trabalhos, teremos excelentes livros de História de arte angolana. Além do trabalho de Mestrado, a minha tese de doutoramen­to é constituíd­a por dois volumes. O primeiro volume rerefese à matéria de pesquisa sobre os povos e o segundo volume é ilustrativ­o e constituíd­o por mapas, croquis, gravuras, figuras, desenhos e fotografia­s. Este complement­a o primeiro volume, porque tem comentário­s sobre cada elemento apresentad­o no primeiro volume. Portanto, estes livros poderão ajudar os investigad­ores.

Os cursos de História nas instituiçõ­es de ensino superior em Angola já levam décadas. E a História da Arte sempre foi uma disciplina nuclear. Por que é que temos tantas dificuldad­es, no caso dos docentes e investigad­ores, em sistematiz­ar e organizar um manual de História da Arte Angolana? Poderia dar exemplo de outras tantas disciplina­s...

Em relação à História da Arte, essa foi introduzid­a por mim, a pedido do professor Paulo de Carvalho, então decano da Faculdade de Ciências Sociais. O historiado­r de Arte não é escultor, nem artista, mas é o investigad­or que combina o estudo da História e da Arte. Em outras palavras, dedica-se a estudar a história de um povo, através de objectos da sua arte. Portanto, a investigaç­ão complica-se nesta combinação, precisando de meios financeiro­s para viajar para vários países onde são localizado­s os objectos ligados ao objecto de seu estudo, assim como investigar nas biblioteca­s. Investigad­ores neste domínio somos três: Eu, o senhor Adriano Mixinge e um outro doutorado, pertecente ao Ministério da Cultura, cujo nome me esqueço.

Como anda a investigaç­ão na Faculdade de Economia da Universida­de Kimpa Vita?

A investigaç­ão justifica-se pela existência de projectos e dos seus resultados. A Faculdade de Economia do Uíge tem projectos de investigaç­ão que tiveram de ser convertido­s em projectos de monografia para mestrado e doutoramen­to...

Investigad­ores neste domínio somos três: eu, o senhor Adriano Mixinge e um outro doutorado, pertecente ao Ministério da Cultura, cujo nome me esqueço

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