Covax prevê distribuir primeiras vacinas em Janeiro
Autoridades mundiais alertam que as vacinas não vão substituir a luta contra a pandemia
Os responsáveis do projecto Covax asseguram que estão preparados para distribuir as primeiras vacinas contra a Covid-19 aos países mais pobres, no primeiro trimestre de 2021 e que terá dois milhões de doses para atribuir.
Seth Berkeley, director executivo da Gavi – a Aliança para as Vacinas que, juntamente com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e uma organização norueguesa para o controlo global de doenças infecciosas, lidera o projecto Covax – garantiu estar optimista relativamente ao processo de angariação de fundos e de compra de vacinas que permitam fazer chegar dois mil milhões de doses a 91 países pobres.
O Covax é um consórcio que pretende garantir aos países de baixo e médio rendimento um acesso às vacinas contra a Covid-19, para permitir imunizar cerca de 20 por cento das pessoas mais vulneráveis, ao longo dos próximos dois anos.
Nos últimos dias, a
imprensa internacional noticiou que relatórios internos da iniciativa Covax mostravam que o plano poderia falhar ou ser severamente atrasado, por falta de financiamento ou problemas burocráticos, deixando milhões de pessoas de países pobres sem acesso à vacina, até 2024.
Sexta-feira, numa conferência de imprensa virtual, os responsáveis das organizações participantes no projecto Covax admitiram que ainda falta angariar dinheiro para completá-lo, mas asseguraram que a iniciativa está a avançar e deverá garantir a distribuição de dois mil milhões de doses de várias vacinas aos países menos desenvolvidos.
“O nosso objectivo está vivo e recomenda-se”, disse Seth Berkeley, acrescentando que o Covax espera distribuir ainda mais doses das vacinas e mais cedo do que estava calendarizado, explicando que os problemas financeiros e burocráticos estão a ser ultrapassados, a bom ritmo.
Também o director-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, reforçou a ideia de que as primeiras doses das vacinas da AstraZeneca serão alocadas através do Covax, “no primeiro trimestre de 2021”, assegurando uma distribuição global e o “mais homogénea possível” desta forma de combate contra o novo coronavírus.
“As vacinas vão complementar, não vão substituir, a luta contra a pandemia”, disse Ghebreyesus, informando que, ao longo desta semana, falou com vários responsáveis de diversas farmacêuticas, para se assegurar de que o projecto Covax terá a assistência necessária do ponto de vista técnico.
O director-geral da OMS lembrou que há 190 países envolvidos na iniciativa Covax, “todos igualmente empenhados” em que tudo corra bem, e que a pandemia de Covid-19 “apenas poderá ser controlada, quando todos estiverem protegidos, não apenas os mais favorecidos”.