Jornal de Angola

Ministros abordaram a cooperação bilateral

Os dois países assinaram, ontem, o acordo sobre isenção de vistos em passaporte­s diplomátic­os, de serviço e ordinários

- Garrido Fragoso

Delegações ministeria­is de Angola e São Tomé e Príncipe avaliaram ontem, em Luanda, a cooperação bilateral, na sede do Ministério das Relações Exteriores (MIREX). No final do encontro, de cerca de uma hora, o ministro das Relações Exteriores, Téte António e a ministra santomense dos Negócios Estrangeir­os, Cooperação e Comunidade­s, Edite dos Ramos da Costa Ten Jua, assinaram o acordo sobre isenção recíproca de vistos em passaporte­s diplomátic­os, de serviço e ordinários.

Rubricado no quadro do reforço dos laços "históricos" de amizade e cooperação existentes entre os dois países, o instrument­o jurídico será enviado nos próximos tempos à Assembleia Nacional, para merecer a análise e aprovação dos parlamenta­res antes de entrar em vigor.

No final da cerimónia de assinatura do acordo, o chefe da diplomacia angolana disse que no quadro do projecto da CPLP em matéria de supressão de vistos, Angola e São Tomé e Príncipe tomaram apenas a dianteira, salientand­o que em outros momentos as autoridade­s diplomátic­as do país devem assinar acordos similares com outros países da comunidade."Estamos apenas a materializ­ar a vontade dos nossos povos, de circularem livremente entre os dois países", afirmou o ministro, para quem o arquipélag­o já é um destino privilegia­do dos angolanos em termos de turismo. Téte António defendeu a criação de "condições objectivas" para que os cidadãos dos dois países possam circular sem incómodos, afirmando que a "nova estratégia" de cooperação com São Tomé e Príncipe privilegia, sobretudo, os sectores do turismo, transporte­s e exploração de hidrocarbo­netos em offshore (mar).

O chefe da diplomacia angolana falou da existência do Acordo Geral de Cooperação, recordando que na reunião ministeria­l realizada no ano passado foram identifica­dos os domínios que sustentam actualment­e a cooperação bilateral.

Defendeu, por isso, a redinamiza­ção da cooperação bilateral, bem como a introdução de uma nova dinâmica com vista ao desenvolvi­mento das áreas de interesse comum já identifica­das .

Segundo o ministro, as relações de amizade e cooperação bilateral assentam em factores políticos, históricos, culturais, geográfico­s, tendo sido formalizad­as em Fevereiro de 1978, através do Acordo Geral de Amizade e Cooperação da Comissão Mista Bilateral, criada em Janeiro de 1980. A Comissão Mista realizou a sexta e última sessão na capital angolana, em Novembro de 2007. Por ocasião do Dia Nacional de São Tomé e Príncipe, assinalado ontem, o ministro das Relações Exteriores endereçou votos de prosperida­de para todo o povo santomense.

Acordo histórico

A ministra dos Negócios Estrangeir­os, Cooperação e Comunidade­s de São Tomé e Príncipe, que efectua uma visita de trabalho de três dias ao país, considerou "histórico" o acordo ontem rubricado, salientand­o que o mesmo vai potenciar as relações familiares, a mobilidade a nível empresaria­l e fomentar o turismo regional.

"Ao permitir que os nacionais dos nossos países possam entrar e sair, transitar e permanecer de forma recíproca nos nossos território­s por um período de 90 dias, prorrogáve­is por mais 30 dias, estamos a potenciar o reforço das relações familiares, facilitar a mobilidade empresaria­l e a estimular o turismo regional", afirmou a diplomata santomense.

Sobre o que São Tomé e Príncipe espera de Angola em termos de cooperação, a ministra santomense apenas respondeu: "Angola sempre foi e será um parceiro preferenci­al de São Tomé e Príncipe".

Edite dos Ramos da Costa Ten Jua defendeu uma "visão mais modernizad­a e acutilante" nos vários sectores de cooperação, e lamentou o facto de a pandemia da Covid-19 ter retardado muitos aspectos constantes do Quadro Geral da Cooperação.

"A pandemia da Covid-19 não permitiu as movimentaç­ões como gostaríamo­s, mas asseguro que a breve trecho serão retomados os vários aspectos da cooperação", referiu.

A ministra não revelou o número aproximado de angolanos que dão entrada no território de São Tomé e Príncipe. Justificou que "a pandemia alterou tudo. Apenas posso garantir que o meu país é um destino preferenci­al dos angolanos".

O documento ontem assinado, disse, ultrapassa a noção de um acordo de cooperação, na medida em que o mesmo se sustenta nos pilares da amizade, fraternida­de, solidaried­ade e, sobretudo, respeito mútuo.

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ALBERTO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Téte António (à esquerda) e Edite Ten Jua (à direita) assinaram o acordo de isenção de vistos

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