Jornal de Angola

Lourenço Massungo acusado de plagiar conto brasileiro

- Manuel Albano

O vencedor do Prémio Literário António Jacinto, edição de 2020, Lourenço Massungo, com a obra “Mulher Infinita”, está a ser acusado pelo escritor brasileiro Paulo Cantarelli de ter plagiado o seu conto “Serena”, que consta do seu livro “Fecifenses”, publicado em 2019, no Brasil.

Em declaraçõe­s prestadas via whatsApp, ao Jornal de Angola, na sexta-feira, o autor brasileiro reclama apenas os direitos autorais sobre o seu conto “Serena”, que acredita ter sido supostamen­te plagiada por Lourenço Massungo no “Mulher Infinita”, e não a totalidade da obra em causa, esclareceu.

Nos vários áudios gravados e enviados ao Jornal de Angola, o brasileiro Paulo Cantanelli realça ter tomado conhecimen­to dos factos na terçafeira, dia 15, em que um amigo angolano o comunicou da situação do suposto plágio.

Recordou que o seu livro foi publicado em 2019, no Recife, embora o tenha escrito já desde 2017, quando participou em vários concursos de literatura no seu país. Além disso, garante que a obra está registada, desde 2019.

Descreve a situação como “muito constrange­dora”, tendo chegado à conclusão de se tratar mesmo de um plágio “quase integral do meu conto”, onde Lourenço Massungo “diluiu apenas 20 por cento do seu punho” e o restante foi “cópia, tendo mudado apenas o ambiente descrito e alguns detalhes”. Portanto, reafirma não se tratar de uma influência, ou uma alusão literária, até porque gostaria que assim fosse, mas não é o caso, por considerar que os escritores e artistas não escondem as referência­s literárias. "É cópia. Já entrei em contacto com os meus advogados que vão dar seguimento ao assunto em Angola”.

Quando confrontad­o se já teria entrado em contacto com o autor do livro “Mulher Infinita”, Paulo Cantanelli disse: “Lourenço Mussango ‘sumiu’, tendo fechado a conta no instagram, algumas horas depois de ter sido contactado pela esposa do ‘plagiador’, que conheci em conversas mantidas no facebook, onde interagimo­s no seu grupo ‘Entender Ficção’, por causa de um artigo por si publicado e que muitos angolanos gostaram, inclusive os membros do Movimento angolano Literário (Literagris).”

Argumenta ter provas de contactos anteriores com Cíntia Gonçalves e de a ter adicionado no grupo em 9 de Novembro de 2018, sendo que a publicação original do seu conto, pela primeira vez nas redes sociais foi a 20 de Março de 2018. “Ainda assim, tenho as provas dos e-mails que datam de publicaçõe­s um ano antes.”

Diz que a esposa de Lourenço Mussango alega não o conhecer, “o que não é verdade porque já trocaram várias mensagens no facebook de actividade­s por ele administra­das no grupo”, tendo considerad­o como “um infeliz incidente que poderia ser resolvido de outra forma”.

“Não plagiei”

Em resposta, Lourenço Mussango, contactado também pelo Jornal de Angola, disse ter sido aconselhad­o a tratar o assunto em fórum próprio e evitar fazer qualquer tipo de pronunciam­entos, já que o assunto é do conhecimen­to do Júri do Prémio Literário António Jacinto e do Instituto Nacional das Indústrias Culturais e Criativas (INIC).

Na sua versão, argumenta o seguinte: Em 2017, Cíntia Gonçalves (sua esposa) partilhou no facebook fragmentos de escritos do conto “Mulher Infinita”. O escritor brasileiro, que não a conhecia até à data dos factos, em 2018, adicionou-a no grupo de literatura ‘Entender Ficção’. No ano passado, Paulo publicou um livro onde supostamen­te tem um conto no qual usa fragmentos de “Mulher Infinita”.

De consciênci­a tranquila, aguarda pela decisão do júri para o veredicto final. “Há alguns anos, a minha mulher contou-me a história da vida da sua avó Constância e achei-a interessan­te e optei por ficcionar a história”, conta a versão.

Referiu apenas que os contos tratam de assuntos distintos, embora tenham algumas semelhança­s. “O meu conto fala do encontro geracional e de um amor que se perpetua no tempo”. A matéria está já a ser tratada em locais próprios. O júri já entrou em contacto comigo e já remetemos as provas e cabe agora ao júri se pronunciar se realmente houve plágio”.

Explicou que não conhecia o conto e o escritor, e que nunca entrou em contacto com nada do mesmo até que na passada sexta-feira teve o primeiro contacto com o referido conto ‘Serena’. “Dizem que ganhei o prémio por causa do referido escrito, o que não é verdade. Não plagiei nada”.

 ?? DR ?? Escritor nega ter plagiado fragmentos de conto brasileiro
DR Escritor nega ter plagiado fragmentos de conto brasileiro

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola