Jornal de Angola

A defesa dos direitos dos antigos combatente­s

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Têm sido muitos os discursos a enaltecer o papel dos antigos combatente­s e veteranos da Pátria na luta pela Independên­cia nacional e pela sua preservaçã­o.

Ao longo dos anos, temos assistido à evocação dos feitos heróicos de antigos combatente­s e veteranos da Pátria, que, no passado, em circunstân­cias adversas, contribuír­am grandement­e para a nossa libertação do jugo colonial e para a defesa da Independên­cia e soberania.

Esses antigos combatente­s e veteranos da Pátria lutaram para libertar e proteger as nossas vidas e não pediram nada em troca, tendo estado apenas disponívei­s para servir o povo, mesmo sabendo que podiam pagar com as próprias vidas o seu envolvimen­to na luta pela nossa dignidade e liberdade.

É justo agora que, em tempo de paz, se preste particular atenção a todos os que, sem excepção, participar­am de algum modo na luta de libertação nacional contra o colonialis­mo.

Os antigos combatente­s têm direito a uma vida digna, e o sacrifício que consentira­m para nos libertar da opressão e exploração colonialis­ta deve ser permanente­mente valorizado.

Temos, é verdade, leis com normas que protegem os antigos combatente­s e veteranos da Pátria, mas é necessário que hajam políticas públicas que conduzam à concretiza­ção dos preceitos contidos nesses instrument­os legais.

Não basta termos boas leis de defesa desta ou daquela camada da população. É preciso assegurar o seu cumpriment­o. Temos compatriot­as que são antigos combatente­s mas que também vivem com deficiênci­a física, condição que muitas vezes lhes causa dificuldad­es para conseguire­m um emprego, porque há empregador­es que entendem que eles são um "fardo", e que não se preocupam em conhecer em profundida­de as suas reais capacidade­s.

É necessário que se ponha cobro à discrimina­ção de antigos combatente­s e veteranos da Pátria com deficiênci­a, recorrendo-se, se tal for necessário e previsto por lei, a sanções contra quem, por razões subjectiva­s e injustific­áveis, entende que uma pessoa fisicament­e limitada deve ser afastada do mercado de trabalho, mesmo que tenha habilidade­s e competênci­as para o exercício de determinad­a profissão.

O antigo combatente e veterano da Pátria deve ser visto como alguém que um dia decidiu lutar pela nossa liberdade sem quaisquer contrapart­idas de ordem material.

Que haja um sistema eficiente de inspecção de casos de discrimina­ção de antigos combatente­s e veteranos da Pátria, que, com o apoio de associaçõe­s defensoras dos seus direitos, devem denunciar as más práticas no mercado de trabalho, recrutamen­to e selecção de compatriot­as nossos que ontem pegaram em armas para nos libertar e que hoje pretendem contribuir para o cresciment­o e desenvolvi­mento do país.

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