Azerbaijão e Arménia voltam a trocar acusações
O Ministério da Defesa do Azerbaijão anunciou, ontem, que o seu Exército foi atacado por "um grupo arménio ilegal armado" em Nagorno-Karabakh, horas depois de o ministério homólogo da Arménia garantir estar a cumprir o cessar-fogo em vigor.
A declaração foi feita poucas horas depois de o Ministério da Defesa da Arménia negar relatos da imprensa sobre combates na região vizinha de Hadrut e dizer que as forças étnicas arménias em Nagorno-Karabakh estavam "a cumprir estritamente" o cessar-fogo.
A região de NagornoKarabakh fica dentro do Azerbaijão, mas está sob controlo de forças étnicas arménias apoiadas pela Arménia desde o final da guerra separatista, em 1994.
Ataques violentos eclodiram na zona no final de Setembro, na maior escalada do conflito das últimas décadas entre a Arménia e o Azerbaijão, matando mais de 5.600 pessoas de ambos os lados.
Depois de seis semanas de combates ferozes, um acordo de paz mediado pela Rússia e assinado em 10 de Novembro, conseguiu que o Azerbaijão recuperasse grande parte da região separatista e áreas vizinhas.
Em 12 de Dezembro, a Arménia e o Azerbaijão relataram novos confrontos no Sul de Nagorno-Karabakh, acusando-se mutuamente de violar o cessar-fogo. As forças de paz russas destacadas para vigiar o cumprimento do acordo de paz também relataram uma violação, mas não atribuíram a culpa.
A Arménia e o Azerbaijão, ex-repúblicas soviéticas, declararam a independência em 1991.
O Nagorno-Karabakh, uma região em território azerbaijano, hoje habitada quase exclusivamente por arménios (cristãos ortodoxos), declarou independência do Azerbaijão muçulmano, após uma violenta guerra, no início da década de 90, que provocou cerca de 30 mil mortos e centenas de milhares de refugiados.
Na sequência dessa guerra, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk (Rússia, França e EUA), constituído no seio da OSCE, mas as escaramuças armadas continuaram frequentes.