Jornalistas feridos numa conferência de imprensa
A duas semanas das eleições, dois jornalistas foram feridos a tiro pela Polícia quando estavam numa conferência de imprensa onde Bobi Wine acusava as autoridades de terem morto um dos seus guarda-costas
Dois jornalistas foram ontem feridos a tiro pela Polícia quando assistiam a uma conferência de imprensa, onde o candidato presidencial do Uganda, Bobi Wine, disse que um dos seus guardacostas foi morto, no domingo ao fim da tarde, atropelado pela Polícia Militar quando a sua caravana transportava uma pessoa atingida pelas forças da ordem para o hospital, noticiou a Reuters.
Wine, cujo nome verdadeiro é Robert Kyagulanyi, aparece como o principal adversário do Presidente Yoweri Museveni, de 76 anos, na eleição presidencial marcada para 14 de Janeiro.
“Lamento anunciar o assassinato do membro da minha equipa de segurança Francis Senteza Kalibala, também conhecido como Frank. Ele foi deliberadamente atropelado por um camião da Polícia Militar, nº H4DF 2382, que nos bloqueou em Busega a caminho de Rubaga, para onde nos dirigíamos para obter atendimento médico de emergência para Kasirye Ashraf.”
A porta-voz do Exército do Uganda escreveu no Twitter na noite de domingo que o guarda-costas não havia sido atropelado por um veículo da Polícia Militar.
Fred Enanga não respondeu a um pedido de esclarecimento sobre a morte do guarda-costas. O oficial havia dito anteriormente à Reuters que os apoiantes de Wine reuniram-se no domingo em Masaka, 125 quilómetros a sudoeste da capital Kampala.
Enanga disse que os apoiantes eram “um grupo violento”, mas não deu mais detalhes sobre o que estavam a fazer.
Na semana passada, a Comissão de Comunicações do Uganda (UCC) solicitou à Google, que feche, pelo menos, 14 canais por supostamente estarem a ser usados para mobilizar motins que perturbam o ambiente que antecede as eleições.
Numa carta à qual a Reuters teve acesso, o UCC afirmou que os canais foram usados para alimentar motins na capital Kampala que resultaram em perdas massivas de vidas e humanas propriedades.
Os distúrbios ocorreram em Novembro após a prisão de Bobi Wine. A Polícia disse que 50 pessoas morreram e várias ficaram feridas durante o incidente. A carta afirmava, ainda, que alguns desses canais glorificam a ilegalidade e prejudicam o interesse público e a confiança na lei.
Entretanto, Bobi Wine suspendeu, ontem, a sua campanha para as eleições, depois de tomar conhecimento que o seu advogado tinha sido preso por acusações de lavagem de dinheiro.
Nicholas Opiyo, fundador da organização de defesa dos Direitos Humanos Chapter Four Uganda, é o advogado de muitos activistas que apoiam a candidatura de Bobi Wine. Grupos de defesa dos Direitos Humanos têm criticado cada vez mais o Uganda por prender oponentes políticos e violar a liberdade de associação, reunião e expressão.
Presidente defende as forças da ordem
Num discurso proferido no domingo, o Presidente Yoweri Museveni defendeu as acções da Polícia e do Exército, dizendo que nenhum político era intocável. Yoweri Museveni lidera o Uganda desde 1986 e a oposição ao seu longo Governo está a aumentar rapidamente em todo o país.
Entretanto, o Conselho Inter-religioso de Uganda cancelou o aguardado debate dos candidatos presidenciais. O Conselho disse que o debate, que deveria ocorrer no passado fim-de-semana foi cancelado devido à limitação de recursos.
A imprensa local, citada pela Efe, noticiou que um total de dez candidatos presidenciais deveria participar no evento. Na maioria dos casos, a oposição ugandesa enfrenta a ira da Polícia, especialmente do músico renomado que se tornou político, Bobi Wine. Há duas semanas, 54 pessoas morreram em protestos depois que apoiantes de Wine pediram a sua libertação após uma breve prisão num comício de campanha.