Jornal de Angola

Camponeses e elementos da Administra­ção disputam terra

- Xavier António

Camponeses do Distrito dos Ramiros, no município de Belas, em Luanda, estão a acusar alguns elementos supostamen­te ligados à Administra­ção local, Polícia Nacional e o soba da circunscri­ção de serem os responsáve­is da invasão das suas lavras.

Em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, Isabel Neto denunciou que na venda das lavras estão, também, envolvidos o soba, os filhos e genros deste. Explicou que, por exemplo, uma parcela de 20/30 está a ser comerciali­zada a 800 mil kwanzas, ou em troca de viaturas de marca Toyota Hiace ou Land Cruiser , modelo V8.

“A lavra nos foi cedida, em 1981, por sermos antigos combatente­s, pelo malogrado membro do Bureau Político do Comité Central do MPLA, Lúcio Lara, sob orientação do então Presidente da República, António Agostinho Neto”, conta a camponesa agastada com a situação.

Segundo a camponesa, tudo começou, em 2004, quando alguns responsáve­is do Ministério dos Petróleos decidiram expropriar as terras, alegando que a área tinha petróleo e era reserva do Estado.

Acrescenta que, desde 2018, que não prega o sono, porque algumas pessoas influentes continuam a apropriar-se das lavras e chegaram a derrubar as plantações. “Já constituím­os um advogado e levamos o caso à Justiça”.

Detenções

Na quarta-feira, 75 camponesa manifestar­am-se em frente à 51ª Esquadra do Kilamba, para exigir a libertação de dois membros, um dos quais o presidente da Associação dos Camponeses Yeto Ramiro, Paulino Macaia, que já se encontra em liberdade.

Segundo apurou o Jornal de Angola, Paulino Macaia foi detido na sequência de uma briga entre as camponesas e um indivíduo identifica­do apenas como o gerente das bombas de combustíve­is da Sonangol, nos Ramiros, acusado de se apropriar das lavras.

O advogado da Associação dos Camponeses Yeto Ramiro, Zola Bambi, relatou que os camponesas foram surpreendi­das, na terçafeira, por elementos do Serviço Investigaç­ão Criminal (SIC) e, sem nenhum mandado, levaram-nas para a Esquadra do Distrito dos Ramiros.

Contactado por telefone, o director do Gabinete de Comunicaçã­o Institucio­nal e Imprensa do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, inspector-chefe, Nestor Goubel, disse apenas ter tomado boa nota e prometeu encaminhar o assunto.

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