Registadas mais de cem mil transfusões de sangue
O Instituto Nacional de Sangue tem a responsabilidade de analisar todas as bolsas de sangue doadas em um total de 22 unidades sanitárias da província de Luanda, incluindo as clínicas privadas
Em consequência das doações de sangue feitas por 139 mil e 820 dadores, controlados pelo Instituto Nacional de Sangue (INS), entre Janeiro e Novembro do ano passado, foram registadas 143 mil e 884 transfusões.
Em entrevista exclusiva ao Jornal de Angola, a directora do INS, Deodete Machado, disse que, em relação ao número total de dadores registados, 123 mil e 694 são familiares e 16 mil e 126 voluntários. “Este número está muito abaixo da meta estipulada pela Organização Mundial da Saúde, que defende que pelo menos um por cento da população de um determinado país ou cidade deve ser dador voluntário”, referiu.
A especialista em imunohemoterapia explicou que o facto de existirem poucos dadores voluntários no país faz com que o INS solicite a intervenção dos familiares, vizinhos e amigos das pessoas internadas, no sentido de abastecerem o banco de sangue.
Deodete Machado esclareceu que, em média diária, o INS colhe 70 unidades de sangue. “Nos dias mais agitados chegamos a colher até 120 amostras”, disse a responsável, para acrescentar que só a província de Luanda precisa, em média, de 200 unidades de sangue por dia.
Na capital do país, o INS abastece de sangue os hospitais
David Bernardino, Américo Boavida e o Centro Nacional de Oncologia. A directora do Instituto Nacional de Sangue explicou que é importante haver um intervalo entre as doações sanguíneas. “Os homens devem doar de três em três meses, podendo fazê-lo até quatros vezes ao ano. Já as mulheres doam de quatro em quatro meses, ou seja, três vezes ao ano.
A directora do INS informou que cada componente do sangue tem o seu tempo de validade, tendo explicado que o concentrado de eritrócito, por exemplo, fica armazenado durante um período de 35 a
42 dias, o de plaquetas cinco dias, o plasma fresco congelado dura um ano, enquanto o crioprecipitado só fica armazenado até 24 horas.
A médica esclareceu que o eritrócitos é utilizado no tratamento de pacientes com anemia, o plasma fresco congelado em pessoas com alterações hemostáticas, as plaquetas são usadas no tratamento de pessoas com plaquetas baixas e que estão na iminência de ter um sangramento.
Segurança nas transfusões
Especialista em Imunohemoterapia, Deodete Machado
disse que no processo de transfusão sanguínea existem os riscos infecciosos, imunológicos imediatos e os tardios. Explicou que são por esses motivos que a transfusão de sangue só pode ser efectuada em caso de estrita necessidade.
Apesar disso, a responsável garante que o processo envolvendo o rastreio de dados dos dadores, doação, análise ao sangue e o seu armazenamento nos hospitais é muito seguro, porque obedece rigorosamente a todos os critérios estabelecidos pela OMS, para que se tenha sangue seguro até ao momento das transfusões.
“Os pacientes que fazem hemodiálise precisam de sangue com regularidade, porque desenvolvem anemia com facilidade. Quanto aos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca e pessoas que padecem de células falciformes, estes, com muita frequência, são transfundidos. Não havendo sangue, podem morrer”, disse.
De acordo com a directora do INS, para que se tenha cada vez mais sangue nos hospitais é necessário haver um bom número de doadores voluntários “porque é neste grupo onde se vai encontrar pessoas com menores possibilidades de terem doenças”.
Quanto aos familiares de pacientes internados, Deodete Machado disse que a maioria das pessoas doa por se sentir pressionada a ajudar os seus familiares, e que, por essa razão, muitas delas não são sinceras no momento de fazer o rastreio, porque querem apenas salvar os seus entes queridos.
“Tanto os dadores voluntários, como os familiares, devem ter entre 18 e 65 anos. Todos os indivíduos que chegam ao Instituto Nacional de Sangue, com objectivo de doar, primeiro passam por um rigoroso processo de instrução. Se for mulher, não pode estar grávida e nem a amamentar”, disse, para acrescentar que os dadores devem gozar de boa saúde, não podem fazer uso de drogas, ter vários parceiros sexuais, abusar do álcool, e devem ter pelo menos sete horas de sono por dia.
A médica disse que os candidatos à doação preenchem um inquérito com questões pessoais, assumem a responsabilidade como dador e fazem a triagem para se dosear a hemoglobina, que no caso dos homens deve ter acima de 13,5 e as mulheres 12,5. Depois disso, prosseguiu, são feitos despistes da malária e tiram-se os sinais vitais.
“Caso tudo esteja bem, o candidato deve tomar um lanche, relaxar alguns minutos, e de seguida está apto para doar 450 mililitros de sangue. Feito isso, uma parte do sangue vai para o laboratório de imunohematologia, e a outra para o laboratório de doenças transmissíveis”, indicou.
No laboratório de imunohematologia são agrupados os compostos ABO/RH Fenotepagem, fazem-se as provas de compatibilidade e de disponibilidade da humanidade para transfusão. Já no laboratório de doenças transmissíveis faz-se despistes do HIV, hepatite B e C, e da sífilis.
O sangue doado passa, depois, a outro laboratório, para se fazer a separação dos concentrados de hiritrócito, plaquetas, plasmas frescos congelados e crioprecipitado. Depois de todo este processo, as bolsas de sangue com resultados positivos são logo descartadas e destruídas automaticamente.