Reenviados para Líbia 162 migrantes ilegais
Um total de 162 migrantes foram interceptados em alto mar e reenviados para a Líbia, país que não é considerado um porto seguro, nos últimos cinco anos, informou, ontem, a Organização Internacional para as Migrações (OIM), citada pela AFP.
A agência da ONU relatou que os migrantes viajavam em barcos pneumáticos, embarcações que são utilizadas pelas redes organizadas de tráfico de seres humanos que operam há vários anos a partir da costa Noroeste da Líbia, e que foram interceptados por patrulhas líbias que actuam para além das águas territoriais daquele país do Norte de África.
A OIM criticou, também, o facto de o Governo de Acordo Nacional (GAN), reconhecido pela ONU e com sede em Tripoli, estar a restringir as actividades das organizações internacionais de ajuda que estão no terreno e lembrou que esta entidade líbia deve garantir a segurança de todos os migrantes, bem como deve avançar com o desmantelamento dos centros de detenção migratórios, que são maioritariamente geridos por milícias locais.
A Líbia tornou-se, nos últimos anos, uma placa giratória para centenas de milhares de migrantes, sobretudo africanos e árabes que tentam fugir de conflitos, violência e da pobreza, que procuram alcançar a Europa através do Mar Mediterrâneo.
Devido à situação do país, imerso num caos político e securitário, desde a queda de Muhammar Kadhafi em 2011, a Líbia tem sido, igualmente, um terreno fértil para as redes de tráfico ilegal de migrantes e situações de sequestro, tortura e violações, sendo, por isso, encarado como um porto não seguro.
A situação tornou-se ainda mais crítica desde 2015, com duas forças rivais a disputarem o poder local: o Governo de Acordo Nacional e as autoridades no Leste, aliadas do poderoso marechal Khalifa Haftar. As denúncias sobre as condições desumanas e as violações dos direitos das pessoas mantidas em centros de detenção de migrantes na Líbia também são frequentes.
O país, que possui as reservas de petróleo mais importantes no continente africano, faz parte da chamada rota do Mediterrâneo Central, encarada como uma das mais mortais, que sai da Argélia, Tunísia e Líbia em direcção à Itália e à Malta.
De acordo com dados da OIM, as patrulhas da Guarda Costeira líbia interceptaram, em 2020, mais de 12 mil migrantes que pretendiam sair do território líbio e alcançar as costas europeias.
A agência da ONU indicou ainda que, no mesmo período, pelo menos, 343 migrantes morreram afogados no Mediterrâneo e outros 437 foram dados como desaparecidos. A OIM, que reúne estes dados através do projecto "Missing Migrants", alertou, no entanto, que estes números podem ser ainda mais elevados.