Jornal de Angola

Imagens de caos usadas como propaganda contra os EUA

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A China repercutiu na internet, com estrondo e júbilo, as horas conturbada­s da democracia norte-americana na sequência da invasão ao Capitólio por parte de apoiantes do Presidente Donald Trump.

A Rússia apontou para o sistema eleitoral “obsoleto” e as divisões profundas que deixaram a democracia “a coxear em ambos os pés”.

Se é verdade que Joe Biden, que toma posse como Presidente no dia 20, pode beneficiar, em contraste, de um estado de graça nalgum eleitorado que até agora não se revia no ex-Vice-Presidente, as consequênc­ias do que alguns qualificam de “golpe falhado” e que deixou cinco mortos e mais de uma dúzia de polícias feridos podem ser duradouras fora de portas.

O grande rival dos EUA, a China de Xi Jinping, não perdeu tempo a criticar o “forte contraste” entre a resposta de Washington ao caos e os protestos de Hong Kong em 2019.

O Global Times, jornal em língua inglesa do Partido Comunista Chinês, usou o Twitter para criticar a presidente da Câmara dos Representa­ntes. “Pelosi referiu-se uma vez aos motins de Hong Kong como “uma bela visão a contemplar”.

Desconhece-se se Pelosi dirá o mesmo sobre o caos no Capitólio, citou o jornal.

Além do mais é uma falsa equivalênc­ia: os activistas de Hong Kong exigem mais liberdades democrátic­as e a não intervençã­o de Pequim naquele território parcialmen­te autónomo; os fiéis de Trump tentaram subverter o resultado de umas eleições considerad­as justas, à excepção do candidato derrotado e seus próximos.

Ainda assim, a propaganda do regime inundou a internet, com mais de 570 milhões de pessoas a seguir a hashtag “apoiantes de Trump assaltam o Capitólio” na rede social Weibo.

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeir­os, Hua Chunying, disse que o “forte contraste [nas reacções] dá que pensar e merece uma reflexão séria e profunda”.

“Os EUA certamente não podem agora impor normas eleitorais a outros países e afirmar ser o “farol da democracia” do mundo”, disse, na Rússia, o responsáve­l pelos Negócios Estrangeir­os na câmara baixa, Leonid Slutsky.

“É evidente que a democracia americana está a coxear em ambos os pés”, disse por sua vez o homólogo da câmara alta da Duma, Konstantin Kosachyov.

“A celebração da democracia terminou. Infelizmen­te, atingiu o fundo do poço, e digo isto sem um pingo de regozijo”, disse ainda o responsáve­l da câmara alta da Duma.

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